Aos 57 anos, Claudia Raia vive Tarsila do Amaral em “Tarsila, a Brasileira”, peça que entra em cartaz na quinta-feira, dia 25, no Teatro Santander, em São Paulo. A data marca o aniversário da cidade. Mesmo antes da estreia, o musical se tornou o assunto da cidade. Na peça, ela terá a companhia do próprio marido, que viverá Oswald de Andrade.
Recentemente viralizando nas redes sociais pela belíssima mansão onde mora com o esposo e seu filho caçula, a atriz é criticada nas redes sociais desde sábado (20) depois de defender a captação de dinheiro via Lei Rouanet ,ao conceder entrevista à Folha de São Paulo.
Desde que apoiou o ex-presidente Fernando Collor de Mello nas eleições de 1989, Raia não quis mais declarar simpatia por político, o que só aguça a curiosidade por sua preferência ideológica.
Masssss…….. disse ela à Folha: “Eu nunca fui PT, eu sou apartidária, sou uma humanista, é pelo social. Mas, se você me perguntar em quem eu votei entre Bolsonaro e Lula, eu votei no Lula, porque não tinha como, não tinha nem o que pensar.”, confessou.
Com o novo governo, Raia recebeu a autorização de captar mais de R$ 7 milhões. Em ‘contrapartida’, ela acredita que um musical sobre a ‘identidade do país’ pode ajudar a unir as pessoas. O teatro tem capacidade de 1.100 pessoas, enquanto o país que Claudia quer ‘unir’ tem mais de 210 milhões de habitantes.
Foi Tarsilinha, sobrinha-neta da pintora, quem teve a ideia de montar “Tarsila, a Brasileira”, encenada agora pela ex-atriz da Globo.
Na conversa com o jornal paulista, ela defendeu a Lei Rouanet e atacou quem critica a proposta: “A importância da Lei Rouanet é total para o musical brasileiro. Me magoa o analfabetismo em relação a isso”, diz, justificando que não ganha dinheiro público, mas que há uma ‘isenção fiscal’ para os patrocinadores. Os artistas utilizam a verba para bancar os custos da produção.
Segundo a atriz, as obras culturais demandam altos gastos e as despesas são amortizadas com o dinheiro viabilizado pela legislação atual, da Rouanet. O dinheiro vem de isenções fiscais a iniciativas privadas e é redirecionado para atividades culturais.
Em 2023, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou um valor recorde para captação na Lei Rouanet: foram R$ 16,5 bilhões, em paralelo a anúncios mensais de aumentos de impostos e regulamentações da equipe econômica em busca de aumentar a arrecadação para minimizar o rombo nas contas públicas no ano passado e atingir o, por enquanto, utópico ‘déficit zero’ em 2024.
O valor autorizado pelo governo petista é mais do que o quádruplo do que aprovou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022 (R$ 3,6 bilhões, em valores corrigidos pela inflação).
Na Lei, o governo federal abre mão de parte do Imposto de Renda e concede a renúncia fiscal, e os responsáveis por fazer a proposta podem captar recursos de pessoas físicas ou empresas ao abater o apoio do imposto. Nem sempre todos os recursos são utilizados.
O espetáculo precisa passar por autorização do próprio governo, o que gera preocupações se o veredicto no fim das contas não se torna um filtro ideológico.
Outra crítica é justamente o valor máximo captado. Isso faz com que aqueles R$ 16,5 bilhões sejam concentrado nas mãos de poucos artistas e justamente aqueles com mais condições, como no caso de Cláudia Raia. Em 2023, além da atriz, dois espetáculos da Disney captaram R$ 8,6 milhões; um sobre Charles Chaplin obteve autorização para R$ 3,3 milhões. Um musical sobre Alceu Valença conseguiu R$ 3 milhões com a Lei Rouanet.
Além de ser submetido a avaliações técnicas, os projetos culturais, quando aprovados, devem cumprir as medidas de acessibilidade previstas em lei e oferecer o mínimo de 10% de ingressos ou produtos gratuitos, até 10% para patrocinadores, até 10% para divulgação promocional; 20% dos ingressos devem ter o preço máximo de 3% do salário mínimo, e 50% para livre comercialização, desde que o valor médio não ultrapasse R$ 250,00.
Em cartaz no Teatro Santander, “Tarsila, a Brasileira” tem entradas inteiras entre R$ 50 (todas esgotadas) e R$ 300. Clique AQUI para ver.
Segundo a Claudia Raia, é impossível organizar uma peça de teatro dela sem Lei Rouanet. São dezenas de profissionais que incham a folha de pagamentos e inviabiliza o projeto.
Não discordo disso. Como empresário, sei o quanto dos bastidores o público desconhece.
Mas, também como… pic.twitter.com/HywnjSUo3V
— Daniel Scott (@odanielscott) January 20, 2024