China chama EUA de ‘chantagistas’ e avisa: pronta para “lutar até o fim”

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Enquanto diversos países buscam negociações para evitar tarifas impostas pelos Estados Unidos, a China decidiu adotar uma postura de enfrentamento. Pequim afirmou nesta terça-feira (8), no horário local, que tomará “contramedidas resolutas para proteger seus direitos e interesses” caso Washington avance com as novas tarifas propostas.

Segundo nota divulgada pelo Ministério do Comércio, “a ameaça dos EUA de aumentar as tarifas sobre a China é um erro atrás do outro que mais uma vez expõe a natureza chantagista dos EUA. A China nunca aceitará isso. Se os EUA insistirem em seu próprio caminho, a China lutará até o fim”.



Em resposta ao anúncio feito por Donald Trump no dia 2, Pequim não demorou: em menos de dois dias, anunciou represálias contra produtos e empresas americanas. A mensagem chinesa é clara — o país está pronto para encarar uma guerra comercial prolongada e sair fortalecido.

No final de semana, a narrativa foi reforçada pela imprensa oficial chinesa. O jornal Diário do Povo, órgão do Partido Comunista, publicou: “as tarifas dos EUA terão impacto [na China], mas ‘o céu não cairá’”. O editorial também destacou: “quanto mais pressão recebemos, mais fortes nos tornamos”.



Trump, por sua vez, elevou o tom na segunda-feira (7), ameaçando impor uma tarifa extra de 50% sobre bens chineses caso as sanções retaliatórias não fossem retiradas até terça. O presidente norte-americano também indicou que as “reuniões solicitadas” por Pequim estavam canceladas.

Na última quarta-feira, Trump anunciou uma nova taxa de 34% sobre todos os produtos chineses, o que deve elevar o total de tarifas para mais de 54% sobre as importações da China. Como reação, o governo chinês impôs uma tarifa equivalente sobre produtos americanos e anunciou medidas adicionais, como restrições a exportações de minerais estratégicos e punições a empresas dos EUA.



Pequim há tempos acusa Washington de recorrer à “intimidação unilateral”. Ainda que parte do discurso oficial tenha como foco tranquilizar a população e projetar força, analistas apontam um cálculo estratégico: o governo chinês acredita que Trump pode estar minando a posição global dos próprios EUA.

Pequim tem buscado se posicionar como defensora do livre comércio global e reforçar a imagem de um parceiro confiável, mesmo em meio às tensões. “Como a segunda maior economia do mundo e o segundo maior mercado consumidor, a China continuará a abrir cada vez mais suas portas, independentemente das mudanças no cenário internacional”, disse o Ministério das Relações Exteriores no sábado.



No domingo, o vice-ministro do Comércio, Ling Ji, recebeu executivos de grandes empresas americanas, como Tesla e GE HealthCare, e defendeu a China como um destino “ideal, seguro e promissor” para investimentos. Ele também pediu que as companhias “sejam vozes racionais” e ajudem a preservar a estabilidade das cadeias produtivas globais.

Especialistas entrevistados pela estatal CCTV veem a disputa comercial como uma oportunidade. “A China está enviando uma mensagem significativa ao mundo: não podemos recuar ou tolerar a intimidação dos EUA, pois a tolerância acaba levando a mais intimidação”, disse Liu Zhiqin, da Universidade Renmin. Já Ju Jiandong, da Universidade Tsinghua, afirmou: “estamos prontos para competir com os EUA na redefinição do novo sistema de comércio global”.



Nas últimas semanas, Pequim intensificou o diálogo com Japão, Coreia do Sul e União Europeia — todos recentemente atingidos por tarifas norte-americanas.

Na Ásia, o impacto também se faz sentir. Em Cingapura, o premiê Lawrence Wong declarou no fim de semana: “O recente anúncio do ‘Dia da Libertação’ pelos EUA deixa pouca margem para dúvidas. Ele marca uma mudança sísmica na ordem global. A era da globalização baseada em regras e do livre comércio acabou. Estamos entrando em uma nova fase, mais arbitrária, protecionista e perigosa”.



Internamente, o governo chinês tenta estimular o consumo e conter os efeitos da guerra tarifária. Segundo o Diário do Povo, a China vai “impulsionar vigorosamente o consumo interno com esforços extraordinários… e introduzir uma série de políticas de reserva conforme apropriado”.

De acordo com o Goldman Sachs, a nova tarifa de 34% pode reduzir o PIB chinês em até 0,7 ponto percentual em 2025, o que deve levar o governo a adotar estímulos mais agressivos para atingir a meta de crescimento de 5%. E mais: UE prioriza negociação com EUA, mas prepara retaliações contra tarifas de Trump. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução; Fonte: CNN)

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