No encerramento das sessões preparatórias para o conclave, realizado nesta segunda-feira, 179 cardeais se reuniram pela última vez para debater os rumos da Igreja Católica e traçar o perfil desejado para o próximo pontífice. Entre eles, 132 têm direito a voto na escolha do sucessor de Francisco.
Para garantir que todos tivessem oportunidade de se manifestar, o decano do Colégio Cardinalício convocou uma reunião adicional no fim da tarde. A intenção foi permitir que nenhum participante chegue ao conclave sem ter expressado suas preocupações e propostas diante dos colegas.
Durante os debates da manhã, os cardeais abordaram questões internas, como as tensões existentes dentro da própria Igreja, o papel das entidades assistenciais ligadas à Caritas e as dificuldades de propagar a fé em um cenário global marcado por fragmentações.
Segundo o porta-voz da Santa Sé, os eleitores disseram que o próximo Papa deverá ter ‘perfil pastoral, estar presente nas questões atuais e transmitir proximidade, como Francisco’.
A presença da imprensa no Vaticano também foi tema de comentários entre os cardeais. “Tantos jornalistas”, disse um deles, em referência ao grande número de profissionais presentes. Além dos cerca de 250 repórteres que acompanham rotineiramente os assuntos da Igreja, mais de mil enviados especiais de diversos países já estão na cidade para cobrir o conclave que se aproxima.
Na manhã de hoje, foram realizadas 26 intervenções durante a Congregação Geral, abordando os seguintes temas:
– O direito canônico e o papel do Estado da Cidade do Vaticano;
– A natureza missionária da Igreja;
– O papel da Caritas na defesa dos pobres;
– A presença numerosa de jornalistas foi mencionada como sinal de que o Evangelho mantém sua relevância para o mundo atual — como um apelo à responsabilidade;
– Em relação ao novo Papa: muitos expressaram o desejo por um pastor próximo do povo, porta de comunhão, capaz de reunir todos no sangue de Cristo, em um mundo marcado pela ‘crise da ordem global’;
– Discutiram-se os desafios da transmissão da fé, do cuidado com a criação, das guerras e da fragmentação do mundo;
– Foram manifestadas preocupações quanto às divisões internas na Igreja;
– O papel das mulheres na Igreja, no contexto da ‘sinodalidade’, foi abordado;
– Foram tratados os temas das vocações, da família e da educação dos filhos;
– Houve referência aos documentos do Concílio Vaticano II, especialmente à Dei Verbum, ressaltando como a Palavra de Deus é alimento para o povo de Deus.