A elevação da taxa básica de juros para 15% — a mais alta dos últimos 20 anos — gerou reações imediatas no mercado e na política.
Um dos que se manifestaram foi o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que rompeu o silêncio e afirmou que tomaria a mesma decisão da atual equipe, mesmo com o impacto negativo sobre a economia. Entretanto, fez uma leve provocação.
“Eu poderia falar: ‘Viu? Me criticaram tanto e agora a taxa está maior’. Mas minha honestidade intelectual não me deixa embarcar nessa. Eu teria feito a mesma coisa”, disse ele em entrevista ao blog da Andréia Sadi, no G1.
Segundo Campos Neto, o aumento ajuda a recuperar a confiança do mercado, num momento em que as expectativas econômicas estavam desajustadas.
Durante sua gestão, entre 2019 e o início de 2024, Campos Neto comandou uma forte alta nos juros, elevando a Selic de 2% para 13,75% para conter a inflação que pressionava o Brasil e o mundo.
Essas decisões foram duramente criticadas pelo então candidato e depois presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que o acusava de “falar demais” e mantê-lo como obstáculo ao crescimento. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também era uma das principais vozes contra Campos Neto.
Agora, com a Selic alcançando 15% sob o comando de Gabriel Galípolo — indicado por Lula —, o tom do Palácio do Planalto foi mais cauteloso. Gleisi, por exemplo, criticou a decisão do Banco Central, mas evitou citar nomes da atual diretoria.
A nova alta de 0,25 ponto percentual na taxa de juros surpreendeu parte dos investidores, já que o mercado estava dividido: uma parte esperava a manutenção e outra apostava no aumento. Para o banco UBS BB, a mensagem do Copom foi clara: os juros vão continuar altos por bastante tempo.
A instituição destacou o uso da palavra “muito” no comunicado do Comitê como um sinal direto de que o Banco Central quer evitar qualquer expectativa de corte nos juros já em 2025.
“Quando o Comitê fala em manter os juros por um período muito prolongado, está deixando claro que não quer ver cortes precificados ainda em 2025”, avaliou o UBS em relatório.
Apesar do impacto que a alta dos juros tem sobre o consumo, os investimentos e o crescimento econômico, a medida é vista como uma tentativa de recuperar a credibilidade do Banco Central diante do mercado financeiro. (Foto: EBC; Fonte: G1; MoneyTime)
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