Cerca de um terço dos brasileiros com carteira assinada ou aposentadoria ativa possui empréstimo consignado, segundo levantamento do instituto Datafolha realizado em junho. A reportagem é da Folha de SP.
A pesquisa mostra que 32% desse público já contratou crédito com desconto direto em folha de pagamento — prática mais comum entre os mais velhos, menos escolarizados e funcionários públicos.
O estudo ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, em 136 cidades do país, nos dias 10 e 11 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com 95% de confiança.
Entre os entrevistados, 880 se enquadram como elegíveis ao consignado, ou seja, são trabalhadores formais (CLT) ou aposentados — base usada para os percentuais do levantamento.
Na divisão por regiões, Norte e Centro-Oeste lideram com 35% de assalariados ou aposentados com esse tipo de crédito, seguidos por Sul e Nordeste (ambos com 34%) e Sudeste (30%). Nas áreas metropolitanas, o índice é de 31%, contra 33% nas cidades do interior, dentro da margem de erro.
Por faixa etária, os mais velhos concentram os maiores índices: entre os que têm 60 anos ou mais, 43% declararam ter empréstimo consignado. Entre 45 e 59 anos, o índice cai para 37%. Já entre os mais jovens (16 a 24 anos), apenas 15% utilizam essa modalidade.
A preferência dos bancos por aposentados e servidores públicos se explica pela estabilidade da renda. Não por acaso, 48% dos funcionários públicos entrevistados disseram possuir consignado, percentual que chega a 45% entre os aposentados e 22% entre trabalhadores da iniciativa privada.
A escolaridade também influencia: entre os que têm apenas o ensino fundamental, 41% utilizam o crédito consignado. O número cai para 28% entre os que cursaram até o ensino médio e fica em 31% entre os que têm ensino superior.
Em relação à renda, a maior incidência aparece na faixa entre 5 e 10 salários mínimos (37%). Entre os que ganham até dois salários mínimos, 33% possuem consignado; entre os que recebem entre dois e cinco salários, o número é de 31%. A menor taxa está entre os que ganham mais de 10 salários mínimos (22%).
O levantamento ainda mostra relação com posicionamento político: entre os que avaliam o governo Lula como ótimo ou bom, 37% têm consignado.
O índice cai para 28% entre os que consideram o governo regular e vai a 33% entre os que o classificam como ruim ou péssimo. Já entre os eleitores por partido, os índices variam pouco: 32% entre os simpatizantes do PT, 33% entre os do PL, 36% de outros partidos e 30% entre os que não têm preferência partidária.
Para Rafael Schiozer, professor de finanças da FGV-EAESP, o consignado tem custo mais baixo que outras modalidades, mas pode gerar efeitos duradouros. “Apesar de ser um empréstimo mais barato que os demais, ele compromete a renda da pessoa por muito tempo. A maior parte dos consignados são de 24 meses para cima, então é um empréstimo que tem impacto de longo prazo na vida das pessoas”, afirmou. (Foto: PixaBay; Fonte: Folha de SP)
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