O Brasil recebeu, em média, quase R$ 1,4 bilhão por dia em investimento estrangeiro na Bolsa de Valores e se tornou um dos países preferidos do investidor estrangeiro neste mês de março. As informações são da editoria de economia do jornal O Estado de SP, em sua versão online.
Os estrangeiros tem aumentado a aposta no Brasil atrás de ativos atrelados a “commodities” (matérias-primas cotadas globalmente), cujos preços dispararam após a Rússia invadir a Ucrânia. A escalada da taxa de juros também colabora para atrair investidor.
O saldo entre entradas e retiradas de investidores estrangeiros na B3 já soma R$ 92 bilhões neste ano. O aumento da entrada desses recursos é um dos fatores que explicam a queda da taxa de câmbio abaixo de R$ 5. O dinheiro de fora aumenta a oferta de dólar no mercado e ajuda ainda a reduzir as pressões inflacionárias e amortece novos choques externos sobre a economia brasileira, principalmente no combustível por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Motivos
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, outros fatores também explicam essa retomada. A melhora nas contas do governo e a rapidez do Banco Central ao elevar os juros, lembrou Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), também ajudaram nesse desembarque de capital estrangeiro na Bolsa de Valores.
A distância geográfica também colabora. Cassiana Fernandez, do JPMorgan, lembrou que o Brasil está longe do conflito no Leste Europeu e os investidores estão “mais preocupados em tirar investimento da Rússia e dos países da região”.
Por fim, o trabalho realizado pelo governo federal garantido investimento privado em áreas até então sempre engessadas do país, como portos, aeroportos, rodovias, além da aprovação do Marco do Saneamento.
O cenário é favorável para investimentos de longo prazo em infraestrutura, diante da lista de ativos à disposição no País. “Temos projetos bastante interessantes, e o Brasil com certeza é um dos mercados mais interessantes para se olhar”, diz Edson Ogawa, responsável pela área de Project Finance do Santander. Segundo ele, o governo não tem recursos para realizar investimentos necessários para melhorar a infraestrutura, e o País precisa atrair cada vez mais capital estrangeiro para atingir as metas de investimento no setor. É o que vem sendo feito.
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