O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve prestar depoimento hoje, às 14h, na Polícia Federal, marcando sua terceira convocação em menos de dois meses.
Desta vez, o inquérito investiga um suposto envolvimento dele em um esquema de fraude relacionado ao seu cartão de vacinação.
A investigação da PF levantou indícios de que seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e outros assessores próximos possam ter colaborado na emissão de certificados falsos de imunização contra a covid-19. Esses certificados teriam sido emitidos não apenas para eles mesmos e suas famílias, mas também para Bolsonaro e sua filha Laura, de 12 anos.
A suspeita da PF é de que tais ações tinham o objetivo de garantir a entrada de ambos nos Estados Unidos no final de 2022.
De acordo com as informações apuradas, o login de Bolsonaro no ConecteSUS estava associado ao e-mail de Cid até 22 de dezembro do ano passado. Nessa data, foi gerado um certificado de vacinação do ex-presidente com o registro falso de duas doses da vacina da Pfizer. Poucos minutos depois, o e-mail de login foi alterado para o do coronel Câmara.
Essa mudança ocorreu porque Cid estava prestes a deixar o cargo de ajudante de ordens de Bolsonaro. A partir de 1º de janeiro deste ano, o ex-presidente seria assessorado por oito auxiliares, incluindo o coronel Câmara, que o acompanharia em sua viagem para a Flórida.
Vale ressaltar que Bolsonaro e sua filha não precisariam apresentar comprovante de vacinação na alfândega americana, uma vez que se enquadravam nas exceções previstas pelas regras do país. O ex-presidente, por ser chefe de Estado, e sua filha, por ser menor de 18 anos, não tinham essa exigência.
Outro ponto central investigado pela PF, e que será abordado no depoimento, é se os certificados falsos foram utilizados por Bolsonaro em algum momento.
A defesa do ex-presidente demonstra tranquilidade em relação ao depoimento, especialmente o advogado Fabio Wajngarten, que se mostra confiante neste assunto.