Presidente da Bolívia diz que país sofre golpe de estado, enquanto tanques e soldados tomam a praça central

direitaonline



Militares das Forças Armadas da Bolívia tomaram a praça em La Paz, nesta quarta-feira (26), onde fica o palácio presidencial, com soldados liderados por um general destituído do cargo na terça (25) adentrando o prédio.

O presidente socialista Luis Arce criticava um “golpe” contra o governo e pedia apoio internacional. Arce denunciou a mobilização de algumas unidades do exército em La Paz lideradas pelo general Juan José Zuniga, demitido ontem (25) do comando militar, e exigiu a desmobilização das tropas.

“Hoje o país enfrenta uma tentativa de golpe de Estado. Hoje o país enfrenta mais uma vez interesses para que a democracia na Bolívia seja interrompida”, disse ele em comentários do palácio presidencial, com soldados armados do lado de fora. “O povo boliviano está convocado hoje. Precisamos que o povo boliviano se organize e se mobilize contra o golpe de Estado em favor da democracia”.

Vídeos que circulam na internet mostram um blindado do Exército se chocando contra a entrada do palácio presidencial e soldados entrando no prédio. Antes disso, tropas foram vistas marchando pelas ruas da capital.

As tensões têm aumentado na Bolívia antes das eleições gerais de 2025, com o ex-presidente de esquerda Evo Morales planejando concorrer contra o atual presidente e antigo aliado Luis Arce, criando uma cisão no partido socialista no poder.

Muitos não querem o regresso de Morales, que governou entre 2006 e 2019, quando foi deposto no meio de protestos generalizados e substituído por um governo interino. Arce então venceu as eleições em 2020.

Zúñiga foi removido do cargo depois de uma série de críticas contra Evo Morales, antigo aliado e padrinho político de Arce. Embora o atual presidente tenha sido ministro da Economia de Evo e o candidato de seu partido nas eleições de 2020, os dois oficialmente se afastaram nos últimos anos.

O general líder da revolta vinha dizendo que Evo “não pode mais ser presidente desse país”, fazendo referência aos planos do líder de esquerda de concorrer novamente nas eleições presidenciais de 2025. Evo pretendia se candidatar contra Luis Arce.

“Caso cheguemos a isto”, disse Zúñiga em uma entrevista nesta segunda (24), “não permitirei que pisoteie a Constituição, que desobedeça o mandato do povo”. Afirmou ainda que “as Forças Armadas são o braço armado do povo, o braço armado da pátria”.

Evo Morales respondeu que ameaças desse tipo não têm precedente na democracia e pressionou o governo Arce, dizendo que se a fala não fosse desautorizada pelo presidente e pelo ministro da Defesa, “estará comprovado que na verdade estão autorizando um autogolpe”.

Com a demissão de ontem , o comandante do Exército liderou a revolta de hoje. Ele afirmou ainda que vai libertar “prisioneiros políticos”, incluindo a ex-presidente Jeanine Añez, condenada a dez anos de prisão em junho de 2022 por ter organizado um golpe de estado contra Evo em 2019.

De acordo com o jornal boliviano El Deber, Zúñiga entrou no palácio, conversou com Arce e depois saiu do prédio. Tropas fortemente armadas ocupam a Praça Murillo, onde fica a sede da Presidência boliviana, e dispararam bombas de gás contra pessoas que tentaram entrar na praça.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta que ainda está se informando sobre a tentativa de golpe, mas que “golpe nunca deu certo” e que espera que a “democracia prevaleça”. O Itamaraty divulgou uma nota condenando “nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia”, dizendo que a ação do Exército é “uma clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”.

Já os Estados Unidos disseram que estavam monitorando de perto a situação e pediram calma e moderação. Veja abaixo vídeos que mostram a situação no local. O segundo mostra a entrevista que ocasionou a demissão do comandante militar. (Foto: reprodução vídeo; Fontes: Reuters; Folha de SP)

 

 

Gostou? Compartilhe!
Next Post

STF define quantidade de maconha para diferenciar usuário de traficante: 40 gramas

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) definiu nesta quarta-feira (26) a tese de repercussão geral do julgamento que descriminalizou o porte de maconha para ‘consumo pessoal’. Por maioria, o colegiado definiu que será presumido usuário quem ‘adquirir, guardar, depositar ou transportar’ até 40 gramas de cannabis sativa ou ‘seis […]