Marinha do Brasil recupera boia oceanográfica na Antártica perdida em 1991

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No âmbito do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), a Marinha do Brasil resgatou, no dia 11 de fevereiro de 2023, uma boia oceanográfica de deriva do INPE lançada ao mar no Estreito de Bransfield, Antártica no ano de 1991.

A boia foi recuperada por uma equipe do Navio de Apoio Oceanográfico (NApOc.) Ary Rongel após estar perdida durante 32 anos. Ela foi encontrada na praia em uma das pequenas ilhotas vizinhas à Ilha Trinity, Estreito de Gerlache. A localidade está aproximadamente a 220 km ao sul da Ilha do Rei George, arquipélago das Shetlands do Sul, onde o Brasil mantém sua Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF).

Essa boia representava o máximo, na época, da tecnologia de medição de correntes superficiais marinhas através de plataformas de coleta de dados (PCDs) com transmissão por satélites.

A boia e sua PCD foram inteiramente construídas no Brasil, sendo integradas, testadas e operadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) através do projeto MEDICA (Medição da Corrente Antártica).

O projeto era coordenado pelo Dr. Merritt Raymond Stevenson, pesquisador aposentado do INPE, sob o contrato No. 9571 (PROANTAR/CIRM/CNPq). O MEDICA tinha como objetivo descrever as características cinemáticas das correntes superficiais marinhas do Oceano Austral no Estreito de Bransfield, Antártica.

Boia lançada na Antártica, em 1991

A boia, batizada na época como “Vilma” em homenagem à esposa do Dr. Stevenson (também servidora aposentada do INPE), foi lançada no mar a partir NApOc. Barão de Teffé em fevereiro de 1991 e, ao contrário de outros instrumentos similares lançados pelo INPE ao mar na Antártica ao longo dos anos, não pode ser recuperada por uma falha na transmissão via satélite e, consequentemente, pela perda de sua localização com o tempo.

A bordo do saudoso NApOc. Barão de Teffé, na Operação Antártica XII (verão 1990-1991), estavam o Dr. Merritt Stevenson e outros pesquisadores e engenheiros do INPE, incluindo o Dr. Ronald Buss de Souza, atual coordenador de projeto associado ao INCT Criosfera (na época aluno de mestrado) e o Eng. Paulo Arlino, atual engenheiro chefe do projeto PIRATA (Prediction and Research Moored Array in the Tropical Atlantic), na época técnico em eletrônica.

O domínio, pelo Brasil, da tecnologia de transmissão de dados e rastreio de boias oceanográficas por satélites empregada no INPE, mais tarde na década de 1990, pavimentou a implementação do Programa Nacional de Boias (PNBoia) e do projeto PIRATA , exemplos de parceria de longa data e de grande sucesso entre o INPE e a Marinha do Brasil.

A boia Vilma foi encontrada por uma equipe de turistas e pesquisadores antárticos próxima à Ilha Trinity, no Mar de Gerlache (sul do Estreito de Bransfield), no começo do mês de janeiro de desse ano. Ela estava quase completamente coberta por gelo que, no mês de fevereiro de 2023, quando a tripulação do NApOc. Ary Rongel a resgatou, já havia derretido facilitando o resgate.

O resgate da Boia Vilma representa, “além de um feito em prol da preservação do meio ambiente antártico, um resgate aos primórdios do PROANTAR e da parceria entre a Marinha do Brasil e o INPE. É um marco de avanço tecnológico que promoveu o desenvolvimento do país e a formação de recursos humanos na área de oceanografia, missão compartilhada entre nossas instituições.

A boia Vilma está armazenada a bordo do navio e voltará ao Brasil ao final da atual Operação Antártica 41 em abril de 2023 quando será recebida, tratada e exposta na sede em São José dos Campos como memória da parceria realizações conjuntas entre o INPE e a Marinha do Brasil.


Fonte e foto: Marinha do Brasil

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