Armínio Fraga: Não me arrependo de ter votado em Lula, “mas esperava mais”

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O ex-presidente do Banco Central no Governo FHC e fundador da gestora Gávea Investimentos, Armínio Fraga, afirmou em entrevista à jornalista Sonia Racy, na live Cenários, no Estadão, que não se arrepende do voto em Lula (PT) na última eleição, mas que tinha ‘expectativas maiores’.

Na conversa, ele explicou sua escolhe pela petista, mas também se mostrou um pouco decepcionado com o resultado da sua escolha. “Estávamos indo para um caminho pior. O Brasil era um pária, acho que o risco de golpe foi real, felizmente não aconteceu. Ali eu não via futuro. Mas eu esperava mais (do governo Lula)”, disse Armínio.

E prosseguiu: “O presidente (Lula), no campo fiscal, rapidamente adotou um discurso raivoso, como se fosse uma grande maldade, quando a gente sabe que em um mundo fiscal bagunçado quem se ferra sempre são os pobres”, afirmou, durante a live com Sonia Racy.

Ele também falou sobre os primeiros governos de Lula, desembocando em Dilma, a quem chamou de ‘azarada’. “O governo Lula 1 foi um tremendo acerto, mas ele próprio saiu um pouco dos trilhos pelos idos de 2006″, disse. “Houve uma mudança de rumo e a coisa começou a ir na direção errada. Quando o vento de fora virou, e virou mesmo – a Dilma (Roussef, ex-presidente), além de incompetente, foi azarada, é preciso reconhecer -, complicou totalmente e nós saímos dos trilhos.”

Questionado sobre o tamanho de Estado ideal, Arminio disse que a história mostra que países se desenvolveram seguindo caminhos diferentes: enquanto os Estados Unidos têm um Estado relativamente pequeno, a França e os países escandinavos têm um Estado muito grande (ignorando que este ‘estado muito grande’ chegou após o crescimento).

“Acho que o Brasil tende a ter um caminho um pouco mais europeu. Para um país de renda média, nosso Estado é relativamente grande. Um país desigual como o nosso, faltam oportunidades para as pessoas, e oportunidade requer educação básica de qualidade, saúde pública, infraestrutura de transportes e segurança”, disse. “Não vejo o Brasil em um caminho de um Estado nem mínimo e nem sequer médio. Vamos ficar por aí mesmo, é só uma questão de prioridades.”

O economista salientou que nos últimos 30 anos o gasto do Estado brasileiro cresceu de 25% para 33% do Produto Interno Bruto (PIB). O investimento público, porém, caiu de cerca de 5% para 1% do PIB no período, ponderou. “Quase 80% do gasto vai para a Previdência e a folha de pagamento do setor público, está aí a fonte de dinheiro. Não é para acontecer da noite para o dia, mas não há saída se não for abordado”, afirmou. “E para onde iria o dinheiro? Para esses itens que acabamos de listar. Esse é o grande movimento.”

Arminio disse que vê muito ruído vindo de dentro do PT. “O que estão fazendo com a Vale, que é uma empresa privada, e com a Petrobras. Os sinais não são bons.”
Sobre a tentativa de colocar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na presidência ou no conselho de administração da Vale, classificou a situação como um absurdo. “O Mantega não é um executivo, não tem experiência e não dá para dizer também que foi um grande ministro. Não tem razão para querer ter o capricho de colocar o Mantega lá.”

O economista ponderou que a avaliação sobre o ex-ministro não é pessoal. “Qualquer um que ele (Lula) quisesse enfiar goela abaixo do conselho da empresa já seria um absurdo, mesmo se fosse um candidato mais adequado.” Assista a entrevista na íntegra abaixo! (Foto: reprodução vídeo; Fonte: Estadão)

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