O Brasil registrou em 2024 o maior índice de queimadas desde o início do monitoramento do projeto MapBiomas, em 2019. Segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (22), mais de 30,8 milhões de hectares foram devastados pelo fogo no ano passado, um aumento de 79% em relação a 2023. Essa área é maior que o território da Itália e supera a soma das áreas de países como Bélgica, Dinamarca e Suíça.
A expansão das queimadas foi impulsionada por condições climáticas severas, como a seca associada ao fenômeno El Niño, que deixou a vegetação mais vulnerável. “O fogo na Amazônia não é um fenômeno natural e não faz parte de sua dinâmica ecológica. É um elemento introduzido por ações humanas”, explicou Felipe Martenexen, do MapBiomas Fogo.
Dos 30,8 milhões de hectares queimados, 73% eram de vegetação nativa, principalmente em formações florestais, que representaram 25% do total. Áreas de uso agropecuário também foram fortemente afetadas, com 6,7 milhões de hectares de pastagens atingidos.
Amazônia em chamas
A Amazônia foi o bioma mais impactado, com 17,9 milhões de hectares queimados, correspondendo a 58% do total nacional. Este número supera todas as áreas incendiadas no Brasil em 2023. Entre as vegetações nativas destruídas na Amazônia, as formações florestais sofreram mais, com 6,8 milhões de hectares devastados. Já as pastagens somaram 5,8 milhões de hectares destruídos.
Outros biomas também enfrentaram números alarmantes. No Cerrado, 9,7 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo, com 85% das queimadas afetando vegetação nativa. Esse total representa um aumento de 47% em relação à média histórica.
O Pantanal sofreu a queima de 1,9 milhão de hectares, um crescimento de 64% em comparação à média dos últimos seis anos, embora o impacto tenha ficado abaixo do recorde de 2020, quando as chamas devastaram 2,3 milhões de hectares.
A Mata Atlântica, com 1 milhão de hectares queimados, registrou o maior número desde 2019. Cerca de 70% dessa área estava em regiões agropecuárias, com um aumento expressivo devido a incêndios em plantações de cana-de-açúcar, principalmente no estado de São Paulo.
Por outro lado, o Pampa e a Caatinga mostraram tendências de redução. No Pampa, apenas 3,4 mil hectares foram queimados, o menor índice histórico. Já a Caatinga viu uma redução de 47% nas queimadas, com 330 mil hectares afetados, a maior parte em áreas de savana.
Estados e municípios mais afetados
O Pará liderou o ranking dos estados com mais áreas queimadas, com 7,3 milhões de hectares, seguido pelo Mato Grosso (6,8 milhões) e Tocantins (2,7 milhões). Juntos, esses estados somaram 55% da área incendiada em 2024.
Entre os municípios, São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS) foram os mais impactados, com 1,47 milhão e 841 mil hectares queimados, respectivamente.
A devastação recorde em 2024 reforça a necessidade de ações mais efetivas para a preservação ambiental, considerando o impacto das mudanças climáticas e das atividades humanas na intensificação das queimadas no território nacional. E mais: Justiça decide sobre promessa de Marçal em pagar US$ 1 milhão a quem provar que ele processou alguém. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: O Globo)