A ministra Anielle Franco, irmã da ex-vereadora Marielle Franco, levou ao Conselho de Ética do Partido dos Trabalhadores (PT) uma denúncia contra o vice-presidente da legenda, Washington Quaquá.
O prefeito de Maricá, no Rio de Janeiro, causou polêmica ao publicar, no dia 9 de janeiro, uma fotografia com a família Brazão, afirmando acreditar na inocência dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de serem os mandantes do assassinato de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes. Veja ao fim da reportagem.
O documento formalizado por Anielle na quarta-feira, dia 15, descreve a conduta de Quaquá como “antiética” e “incompatível com os valores, direitos e responsabilidades de um líder do Partido dos Trabalhadores”.
A representação acusa Quaquá de tentar desacreditar, de forma “irresponsável e leviana”, a busca por justiça das famílias das vítimas e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Quando assumiu o Ministério da Justiça em janeiro de 2023, Flávio Dino, que agora é ministro do STF, havia declarado que resolver o caso Marielle era uma “questão de honra”. A investigação foi federalizada e finalizada em março de 2024, mas o prefeito de Maricá questiona os resultados.
Após a publicação da imagem com os Brazão, Anielle reagiu publicamente, sem mencionar Quaquá diretamente, criticando a utilização do nome de sua irmã de maneira “repugnante”.
Em 11 de janeiro, durante entrevista ao Estadão, Quaquá reiterou sua defesa dos irmãos Brazão, sugerindo que “juristas sérios” deveriam reavaliar o processo e, sem provas, associou a família Bolsonaro ao crime.
“Eu peço que juristas sérios revejam o processo para ver se há prova contra os Brazão. Eu sei que as maiores ligações que existem entre o assassino que está sendo beneficiado com a sua própria delação é com a família Bolsonaro”, afirmou o prefeito.
No entanto, a Polícia Federal (PF) descartou qualquer envolvimento da família do ex-presidente Jair Bolsonaro no assassinato. Segundo o inquérito, o motivo do crime estaria ligado à grilagem de terras, de interesse de milicianos associados aos Brazão.
O PT encontra-se dividido sobre as sanções a serem aplicadas a Washington Quaquá. Uma fração do partido defende sua expulsão, enquanto outra acredita que o afastamento dele da vice-presidência do partido já seria punição suficiente.