A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) decidiu suspender temporariamente todos os voos destinados ao transporte de cargas dos Correios. A medida, revelada inicialmente pelo UOL e pela Folha de S.Paulo, foi motivada por questões de segurança, após um grave incidente ocorrido em novembro de 2023.
Na ocasião, uma aeronave que fazia a rota entre Vitória (ES) e o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) sofreu um incêndio durante o voo, a apenas oito minutos do pouso. Apesar do susto, os dois tripulantes conseguiram sair ilesos, mas a aeronave ficou seriamente avariada.
O transporte estava a cargo da Total Linhas Aéreas, empresa contratada exclusivamente pelos Correios para operar voos fretados de carga. A estatal também utiliza os serviços da Sideral Linhas Aéreas para esse tipo de transporte. Ambas estão proibidas de realizar voos a partir da próxima quarta-feira (4), conforme determinação da ANAC, informa a Folha.
A investigação do incidente revelou que a carga incluía baterias de íon de lítio, componentes frequentemente utilizados em celulares, notebooks, veículos elétricos e sistemas de energia solar. Embora o envio aéreo dessas baterias não seja ilegal, o material exige cuidados rigorosos devido ao risco de superaquecimento e incêndio. Segundo especialistas, “uma única bateria danificada ou com curto-circuito pode iniciar um fogo capaz de se espalhar por todo o carregamento”.
A ANAC reforçou que o transporte dessas baterias é permitido, mas deve seguir protocolos rigorosos, como o limite na quantidade transportada e a separação das unidades de outros itens.
Após o episódio, os Correios passaram a submeter seus pacotes a inspeções por raio-x antes do embarque. Em nota à imprensa, a empresa afirmou que está “adotando todas as medidas cabíveis para solucionar a situação no prazo estipulado, reafirmando o compromisso com a segurança das operações e o atendimento à população”.
A Total, por sua vez, ainda pretende apresentar um plano à agência para tentar reverter a suspensão, comprometendo-se a assumir a responsabilidade total pela segurança das cargas. A empresa alega, no entanto, que os pacotes são entregues lacrados pelos Correios, o que impede o conhecimento prévio do conteúdo. A legislação atual exige que a estatal informe às companhias aéreas sobre a presença de materiais perigosos.
Desde 2016, é proibido o transporte de baterias de íon de lítio como carga em voos de passageiros no Brasil, decisão alinhada às normas da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI). Os testes conduzidos por fabricantes como Airbus, Boeing e Embraer apontaram que as aeronaves não estão preparadas para conter incêndios causados por essas baterias. E mais: Hugo Motta envia novo texto do ‘PL da Anistia’ a Bolsonaro. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: Folha de SP)