Após a sétima alta consecutiva da taxa básica de juros, o Brasil passou a ocupar o segundo lugar entre os países com maior juro real do planeta, de acordo com um levantamento feito pela MoneYou, que analisou dados de 40 nações dos cinco continentes. A nova elevação da Selic para 15% ao ano coloca o país atrás apenas da Turquia, cuja taxa de juros real está em 14,44%.
Os chamados juros reais representam a diferença entre a taxa de juros nominal e a inflação projetada. Em outras palavras, indicam quanto o investidor de fato ganha (ou perde) ao aplicar seu dinheiro — e refletem com mais precisão o impacto da política monetária sobre a economia.
No caso brasileiro, esse índice está atualmente em 9,53%, considerando a inflação estimada para os próximos 12 meses, que é de 4,72%, conforme projeções do Boletim Focus, do Banco Central.
Além da inflação projetada, o cálculo também leva em conta a expectativa de juros futuros, estimada por meio da taxa DI com vencimento em julho de 2026 — o contrato mais líquido do mercado. É essa combinação que ajuda a entender o rumo da política monetária e as reações da economia.
A mais recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), anunciada nesta semana, surpreendeu parte dos analistas. Embora alguns investidores esperassem a manutenção da taxa em 14,75%, o colegiado optou por um novo ajuste de 0,25 ponto percentual, levando a Selic ao maior patamar desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano.
Em comunicado divulgado após a reunião, o Banco Central sinalizou que pretende manter a Selic no nível atual por um período prolongado, monitorando os efeitos acumulados do ciclo de alta. No entanto, o texto não descartou novas elevações caso o comportamento da inflação exija. “Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado”, afirmou a nota.
O Copom ainda destacou que segue atento às mudanças do cenário econômico e poderá adotar novas medidas, se necessário. “O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, acrescentou o texto.
Desde setembro do ano passado, quando a Selic estava em 10,5% ao ano, o Banco Central passou a implementar uma série de aumentos sucessivos.
Foram seis elevações entre setembro e maio: uma de 0,25 ponto, uma de 0,5, três de 1 ponto percentual e mais uma de 0,5 ponto. Agora, com o novo acréscimo de 0,25 ponto percentual, a taxa atinge um novo pico no atual ciclo de aperto monetário. O BC mantém um histórico das taxas em seu portal desde 1996.
O motivo por trás dessa trajetória está nas incertezas sobre a inflação e o ritmo da atividade econômica. Embora o país esteja com inflação sob relativo controle, o Banco Central busca garantir que as expectativas sigam ancoradas, especialmente diante de fatores como pressões fiscais, volatilidade no câmbio e o cenário externo ainda instável.
Com juros tão elevados, o Brasil se torna um destino mais atrativo para investidores que buscam rendimento, o que pode favorecer a entrada de capital estrangeiro e ajudar a conter a inflação. Por outro lado, esse movimento também encarece o crédito, desestimula o consumo e pode frear o crescimento da economia.
A liderança do ranking de juros reais segue com a Turquia, que adota uma política monetária extremamente rígida diante de um histórico recente de inflação fora de controle. Em comparação, países como México, Colômbia e África do Sul também figuram entre os que praticam taxas reais elevadas, mas em níveis inferiores aos do Brasil.
A expectativa do mercado agora se volta para as próximas reuniões do Copom. Se o cenário inflacionário se mantiver dentro do esperado, o atual patamar de 15% pode marcar o fim do ciclo de altas, abrindo espaço para uma possível estabilidade — ou, em um cenário mais otimista, cortes graduais nos juros a partir de 2026. (Foto: EBC; Fontes: CNN; EBC)
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