O dia 13 de abril de 2022 ficará marcado na vida da pequena Maria Helena, de apenas 3 meses. Após ser diagnosticada com uma alteração congênita no desenvolvimento do globo ocular, que tem como consequência a perda da visão, a criança foi submetida a um transplante de córnea que foi feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de uma técnica inédita no mundo. O resultado da cirurgia, que durou aproximadamente 1h30, foi um sucesso e por conta disso Maria Helena poderá enxergar.
O procedimento considerado de alta complexidade foi realizado no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), no Rio de Janeiro, vinculado ao Ministério da Saúde, onde a criança nasceu. De acordo com o chefe do setor de transplante de córnea do HFB, Paulo Phillipe, a única forma possível de melhorar a clareza e nitidez da visão do bebê era o transplante de córnea.
Ele explica como funciona a nova técnica utilizada. “A córnea é preparada manualmente de maneira invertida e assim fica menos espessa, o que significa melhor qualidade visual. Assim o serviço de oftalmologia do hospital pode oferecer um tratamento moderno e gratuito pelo SUS à população que necessita”, diz. O transplante do outro olho foi feito na última terça-feira (24).
Em casos como o de Maria Helena o resultado só acontece em quem opera nos primeiros meses de vida. O novo método, entretanto, também pode ser feito em pessoas que precisam do transplante de córnea por outras doenças que não sejam a mesma do bebê. A técnica foi apresentada e publicada durante um Congresso Internacional que aconteceu nesta sexta-feira (27) em Salvador. De janeiro de 2021 a abril de 2022, foram realizados 17.031 transplantes de córnea no país.
A mãe de Maria Helena, Maria Thuane dos Santos, explica que assim que o bebê nasceu, o médico já identificou um problema e a encaminhou para a oftalmologia do hospital. Os especialistas indicaram o transplante de córnea como uma possibilidade da recém-nascida enxergar. “Eu resolvi fazer (o transplante) para dar essa chance a minha filha. E por isso, peço que as pessoas doem córnea para que possam ajudar outras pessoas que aguardam na fila”, pontua.
“É um grande orgulho lançar uma técnica pioneira do HFB, que é um hospital público de referência no Rio de Janeiro em transplantes de rim e córnea. Ficamos felizes por poder oferecer uma qualidade de vida melhor ao paciente. A unidade está preparada com infraestrutura e profissionais especialistas para esses procedimentos”, destaca o diretor-geral do Hospital, Cláudio Pena.
Hospital Federal de Bonsucesso
A unidade hospitalar é vinculada ao Ministério da Saúde e oferece serviços de média e alta complexidade, como oftalmologia, cirurgia geral, cirurgia de cabeça e pescoço e transplante renal, especialidade na qual é referência nacional. A maternidade do hospital é referência para alto risco, com atendimento a gestantes diabéticas, hipertensas, transplantadas, com doenças hematológicas, entre outros quadros clínicos que coloquem em risco a vida da mãe e/ou do recém-nascido.
O hospital possui emergência obstétrica para atendimentos de mães dentro desse perfil e também se destaca no atendimento de bebês prematuros de alto risco (abaixo de um quilo) nascidos no hospital, com serviço de cuidados intensivos. É o maior da rede pública do Estado do Rio de Janeiro em volume geral de atendimentos mensais, com cerca de 15 mil consultas ambulatoriais, 1.300 internações, 1.200 atendimentos de emergência, 120 mil exames laboratoriais e 5 mil exames de imagem.