Vaticano revela último agradecimento do Papa Francisco

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Em um dos seus últimos momentos públicos, o Papa Francisco deixou registrado um gesto de gratidão. De acordo com o L’Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano, o pontífice agradeceu pessoalmente ao enfermeiro Massimiliano Strappetti, que esteve ao seu lado durante toda a internação.

“Obrigado por me trazer para a praça”, disse Francisco, após conseguir participar do domingo de Páscoa (20), em um breve deslocamento no papamóvel pela Praça de São Pedro.

Mesmo enfrentando sérias recomendações médicas para repousar por ao menos dois meses, o papa insistiu em continuar trabalhando. No domingo, cerca de 35 mil fiéis o receberam com entusiasmo. Francisco apareceu sentado em uma cadeira elevada no papamóvel, o que não acontecia desde que foi diagnosticado com pneumonia bilateral.

Durante o trajeto, gritos de “viva il papa” ecoaram pela praça, e o veículo fez pausas para que ele pudesse abençoar crianças levadas até ele pelos assistentes do Vaticano. Segundo a agência de notícias da Santa Sé, o restante daquele dia seguiu normalmente, com um “jantar tranquilo”. No entanto, já na madrugada de segunda-feira (21), às 5h30 no horário local, o pontífice começou a apresentar sinais de agravamento.

“Pouco mais de uma hora depois, ao fazer um gesto de despedida com a mão para Strappetti… o pontífice entrou em coma. Ele não sofreu, e tudo aconteceu muito rápido”, informou o órgão de comunicação do Vaticano. A publicação ainda destacou que Francisco morreu “tendo abraçado novamente o povo, depois de um longo tempo”.

O papa faleceu aos 88 anos após sofrer um acidente vascular cerebral e uma parada cardíaca. Ele havia passado 38 dias hospitalizado no início do ano e retornado ao Vaticano cerca de um mês antes de sua morte, aparentando boa recuperação.

Massimiliano Strappetti, o enfermeiro que – como o Papa disse uma vez – salvou sua vida ao sugerir que ele se submetesse a uma cirurgia de cólon e que o Pontífice então nomeou seu assistente pessoal de saúde em 2022.

Ao seu lado durante todos os 38 dias de hospitalização no Hospital Gemelli e vinte e quatro horas por dia durante sua convalescença na Casa Santa Marta, Strappetti esteve com o Papa no Domingo de Páscoa, durante a Urbi et Orbi.

No dia anterior, eles foram à Basílica de São Pedro para rever o “percurso” a ser feito no dia seguinte, quando Francisco apareceria do balcão central da Basílica de São Pedro.

Depois daquele momento, na manhã de domingo, na sacada central da Basílica Vaticana, quando os 35 mil fiéis iniciais se tornaram 50 mil, o Papa fez uma última e significativa surpresa indo à Praça São Pedro para um giro de papamóvel. Não sem um certo medo inicial: “Você acha que eu consigo?” perguntou ele a Strappetti que o tranquilizou. Daí o abraço à multidão e em especial às crianças: o primeiro giro após sua alta do Hospital Gemelli, o último de sua vida.

Cansado, mas feliz, o Papa agradeceu ao seu assistente pessoal de saúde: “Obrigado por me trazer de volta à Praça”. Palavras que revelam a necessidade do Pontífice argentino — que fez do contato humano direto a marca registrada de seu pontificado — de retornar ao meio do povo.

De acordo com o Vaticano, Francisco descansou durante a tarde e jantou tranquilamente. Por volta das 5h30 da manhã, surgiram os primeiros sinais de indisposição, com a ação imediata de quem o acompanhava. Mais de uma hora depois, depois de ter acenado a Strappetti, deitado na cama de seu apartamento no segundo andar da Casa Santa Marta, o Pontífice entrou em coma. Não sofreu. Foi tudo muito rápido, conta quem esteve ao seu lado nos últimos momentos.

Uma morte discreta, quase repentina, sem longas esperas e muito alarde para um Papa que sempre manteve suas condições de saúde em segredo. Uma morte que ocorreu no dia depois da Páscoa, no dia depois de ter abençoado a cidade e o mundo, no dia depois de ter novamente, depois de muito tempo, abraçado o povo. Aquele a quem, desde os primeiros momentos de sua eleição, em 13 de março de 2013, tinha prometido um caminho “juntos”.

San Lorenzo
Além de sua trajetória religiosa, um detalhe que chamou atenção foi a ligação com o futebol, especialmente com o San Lorenzo, tradicional clube argentino do qual Francisco era torcedor apaixonado.

O clube prestou homenagens e divulgou a carteirinha de sócio do papa, registrada em 2008 com o nome Jorge Mario Bergoglio. A coincidência entre o número de associado — 88235 — e o horário de sua morte — às 2h35 da madrugada em Buenos Aires e 7h35 em Roma, aos 88 anos — repercutiu entre os fãs e fiéis.

Francisco nasceu e cresceu no bairro de Flores, em Buenos Aires, mesma região de origem do San Lorenzo. A paixão pelo clube foi herdada do pai, que o levava ao antigo estádio El Gasómetro durante a infância. Em 2013, o então papa chegou a escrever ao presidente do clube, expressando a emoção ao relembrar essas memórias. (Foto: Vatican News; Fontes: Vatican News; CNN)

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