O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump concedeu entrevista nesse domingo (14) ao jornalista Michael Goodwin, do portal New York Post.
Na conversa, Trump disse que “deveria estar morto” ao relembrar o momento angustiante em que o homem de 20 anos atirou nele em um comício de campanha na Pensilvânia.
O ex-presidente compartilhou a “experiência muito surreal” que quase acabou com sua vida durante uma entrevista a bordo de seu avião particular a caminho de Milwaukee para a Convenção Nacional do Partido Republicano, que decidiu manter sua participação hoje (15).
“O médico do hospital disse que nunca viu nada parecido com isso, ele chamou de milagre”, disse Trump, que, segundo a reportagem, estava usando um curativo branco grande e frouxo que cobria sua orelha direita. Sua equipe insistiu que nenhuma foto fosse tirada, explicou o jornalista.
“Eu não deveria estar aqui, eu deveria estar morto”, disse Trump. “Eu deveria estar morto.” Ele disse que estaria se não tivesse virado a cabeça ligeiramente para a direita para ler um quadro sobre imigrantes ilegais. Naquele instante, o que teria sido um tiro mortal arrancou um pequeno pedaço de sua orelha e respingou sangue em sua testa e bochecha.
Trump disse que, enquanto os agentes do Serviço Secreto o levavam para fora do palco, ele ainda queria continuar falando com seus apoiadores, mas os agentes lhe disseram que não era seguro e que eles tinham que levá-lo para um hospital.
Ele explicou que ficou “maravilhado” com a forma como os agentes chegaram voando como “linebackers” assim que o tiroteio começou, e desabotoou sua camisa branca de manga comprida para mostrar ao jornalista um grande hematoma em seu antebraço direito.
Ele também esclareceu um mistério sobre seus sapatos. No vídeo do tiroteio e das consequências, enquanto os agentes corpulentos tentavam tirá-lo do palco para a segurança, ele pôde ser ouvido dizendo: “Espere, quero pegar meus sapatos.”
Como ele explicou na entrevista, “os agentes me bateram (derrubaram) com tanta força que meus sapatos caíram, e eles estão apertados”, disse ele com um sorriso.
Ao contrário das críticas, Trump elogiou o pessoal do ‘Serviço Secreto’ por suas ações “heroicas” e os elogiou por atirar no atirador, que estava em um telhado a cerca de 120 metros do palco onde Trump estava falando.
“Eles o derrubaram com um tiro bem entre os olhos”, disse o ex-presidente enquanto apontava para a ponta do nariz. “Eles fizeram um trabalho fantástico”, ele acrescentou. “É surreal para todos nós.”
Trump também abordou a emblemática foto dele levantando o punho e dizendo “Lute” três vezes enquanto os agentes tentavam tirá-lo do palco e colocá-lo em um SUV blindado.
“Muitas pessoas dizem que é a foto mais icônica que já viram”, disse Trump. “Eles estão certos e eu não morri. Normalmente você tem que morrer para ter uma foto icônica.” Ele acrescentou: “Eu só queria continuar falando, mas acabei de levar um tiro”.
De acordo com a reportagem do New York Post, o médico do hospital local, que tem um centro de trauma, disse a ele que nunca viu ninguém sobreviver a ser atingido por um AR-15, lembrou Trump. “Por sorte ou por Deus, muitas pessoas estão dizendo que é por Deus que ainda estou aqui”, disse ele.
Um homem no comício foi baleado e morto, e dois ficaram feridos. Questionado pelo jornalista americano se ele havia pensado em comparecer ao funeral de Corey Comperatore, o bombeiro que morreu protegendo sua família dos tiros do assassino, Trump disse que sim.
“Então, virando-se para os assistentes que estavam atrás dele, ele disse: “Peguem os números, quero ir ao hospital e ligar para todas as famílias”.”, relatou o entrevistador.
Trump também elogiou a multidão no comício, que ele estimou em 55.000 pessoas, por permanecer calma. “Muitos lugares, especialmente jogos de futebol, você ouve um único tiro, todo mundo corre. Aqui, houve muitos tiros e eles ficaram.”, indicando que o número de feridos e até mortos poderia ser maior em uma eventual saída em desespero do público. Ele acrescentou: “Eu os amo. Eles são pessoas tão maravilhosas.”
Trump relatou ao New York Post que seu contato com a morte o fez mudar de ideia sobre o discurso que fará na quinta-feira (18) para aceitar a indicação de seu partido pela terceira vez consecutiva.
“Eu tinha preparado um discurso extremamente duro, muito bom, sobre a administração corrupta e horrível (de Joe Biden)”, disse ele, e de repente acrescentou: “Mas eu joguei tudo fora”.
Ele disse que um novo discurso estava em andamento porque “quero tentar unir nosso país”. Cruzando os braços, ele acrescentou: “Mas não sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas”.
Ele disse que apreciou a ligação do presidente Biden, chamando-a de “ótima” e que Biden foi “muito gentil”. Ele sugeriu, sem dar detalhes, que a campanha entre eles poderia ser mais civilizada de agora em diante. Clique AQUI para ver na íntegra.