O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), declarou nesta sexta-feira (30), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura institucional” durante as conversas que tiveram após a derrota nas eleições de 2022.
A oitiva, realizada por videoconferência e com duração de apenas oito minutos, foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Nem Moraes nem o procurador-geral da República, Paulo Gonet, fizeram perguntas ao governador, que respondeu apenas às questões apresentadas pelas defesas de Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.
“Nesse período que eu tive presente com o presidente nessa reta final, novembro, dezembro, nas visitas que eu fiz, de várias conversas, jamais tocou nesse assunto, jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura. Encontrei o presidente que estava triste, resignado”, declarou Tarcísio ao Supremo.
Apontado como um dos nomes cotados à disputa presidencial de 2026, Tarcísio é aliado de Bolsonaro, que foi peça central em sua campanha ao governo de São Paulo em 2022.
Durante o depoimento, Tarcísio também elogiou a gestão do ex-presidente, afirmando que mesmo em meio a diversas crises, como a pandemia da Covid-19 e a guerra na Ucrânia, o governo promoveu reformas importantes e conseguiu resultados positivos.
“Foi um período de, 19 a 22, de muitas reformas, de enfrentamento de situações difíceis. O governo enfrentou pelo menos cinco graves crises, começando com a tragédia de Brumadinho, passando pela crise do Covid, uma grave crise hídrica, guerra da Ucrânia e todas elas procurando se sair da melhor maneira possível. Um país que terminou com superávit, um país que terminou gerando emprego, crescendo”, disse o governador.
Ao ser perguntado sobre os episódios de vandalismo registrados em 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, Tarcísio afirmou que Bolsonaro “nem sequer estava no Brasil” naquele momento e reiterou que o ex-presidente nunca demonstrou intenção de dar um golpe.
“Várias conversas, jamais tocou nesse assunto. Jamais mencionou qualquer tipo de ruptura. O presidente estava triste, resignado. Conversávamos sobre muita coisa, e esse assunto nunca veio à tona”, frisou.
O governador também relatou ao STF que Bolsonaro demonstrava preocupação com o futuro do país diante da iminente posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, esse era um tema recorrente nas conversas com o ex-presidente.
“O governo passou por uma grave crise. Era uma preocupação de que a coisa sempre desandasse, com o futuro do país. A gente conversava basicamente sobre isso”, afirmou.
Tarcísio ainda destacou que Bolsonaro o aconselhava a agir com responsabilidade e correção, transmitindo lições e experiências acumuladas durante o mandato. “Era uma preocupação enorme com o futuro, com o pressuposto de que o governo Lula assumiria”, completou.
Após o depoimento, Jair Bolsonaro comentou com aliados que ficou satisfeito com as declarações do governador. Em mensagem enviada à coluna da jornalista Mônica Bergamo, o ex-presidente elogiou Tarcísio: “Tarcísio foi preciso e conciso.”
Bolsonaro também negou que esperasse uma postura mais combativa por parte do governador paulista diante do ministro Alexandre de Moraes. Em tom irônico, escreveu: “Mude de fonte.”. E mais: STF se incomoda com ausência de Mauro Vieira em meio a ameaças dos EUA a Moraes. Clique AQUI para ver. (Foto: Governo de SP; Fontes: O Globo; Metrópoles; Folha de SP)