O Supremo Tribunal Federal (STF) já definiu a data para o julgamento dos policiais que faziam parte da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) durante os eventos de ‘8 de janeiro’. A Primeira Turma do STF realizará o julgamento de maneira virtual no período de 9 a 20 de fevereiro, sendo o relator do processo o ministro Alexandre de Moraes.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia em agosto de 2023 contra sete oficiais da corporação por crimes como “omissão, abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e violação dos deveres”. A PGR alegou que havia uma “profunda contaminação ideológica” na cúpula da PMDF, que adotou teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e golpes.
A PGR sustentou que os denunciados tinham conhecimento prévio dos riscos e aderiram de maneira intencional ao “resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir”. Os sete policiais militares foram detidos em 18 de agosto de 2023 e serão julgados pelos crimes apontados pela PGR. São eles:
• Coronel Fábio Augusto Vieira: comandante-geral da PMDF em 8 de janeiro.
• Coronel Klepter Rosa Gonçalves: subcomandante da PMDF em 8 de janeiro, posteriormente nomeado comandante-geral em 15 de fevereiro.
• Coronel Jorge Eduardo Naime Barreto: comandante do Departamento de Operações em 8 de janeiro, licenciado do cargo em 3 de janeiro.
• Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra: assumiu o comando do Departamento de Operações em 8 de janeiro.
• Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues: chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF em 8 de janeiro.
• Major Flávio Silvestre de Alencar: atuou em 8 de janeiro.
• Tenente Rafael Pereira Martins: atuou em 8 de janeiro.
Angústia, injustiça e pedido de ajuda
Em dezembro, em entrevista ao portal Gazeta do Povo, Mariana Adôrno Naime, esposa do coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), relatou as dificuldades enfrentadas desde a prisão do coronel.
“Nós estamos sofrendo muito. É uma dor de injustiça, de impotência, porque não podemos fazer nada para tirá-lo dali, embora todos saibam a verdade, toda a população do Distrito Federal sabe. Coronel Naime tem 30 anos de serviço prestado à comunidade do Distrito Federal, trabalhou em diversas regionais. Por onde ele passou todos conhecem a seriedade do trabalho dele, a lealdade”, disse Mariana Adôrno em entrevista concedida ao portal Gazeta do Povo, nesta sexta-feira (8).
“Eu tenho tentado ser forte o máximo que eu posso para passar tranquilidade para ele (coronel Naime) e para os meus filhos, mas na última semana eu fui internada às pressas. Tive uma crise e fui medicada, mas tive que voltar para casa rápido. Os médicos queriam que eu ficasse (internada) por mais um dia no hospital, mas eu não pude porque tem meus filhos que dependem de mim”, relatou.
“Ninguém naquela semana (do 8 de janeiro) entrou em contato com ele para falar da possibilidade de manifestação. Ele foi surpreendido apenas no dia 8, depois das 16h30 com uma ligação pedindo socorro e pedindo para ele ir para a Esplanada. De pronto, ele atendeu o pedido de socorro e foi combater junto com seus irmãos de farda”, afirma Mariana.
“De fato, ele foi para a linha de frente, para o combate, não medindo esforços, o que derruba essa narrativa de que ele foi omisso, que teve retardo de tropa. Porque todo mundo que trabalhou com ele na linha de frente disse em depoimento que ele agiu conforme a legalidade, conforme a técnica, e foi pela experiência dele que não ocorreu um derramamento de sangue, porque a experiência dele fez com que a tropa avançasse”, disse.
Mesmo de férias no dia 8 de janeiro, Naime deixou sua residência para ajudar a conter os manifestantes. Durante a ação policial, o militar chegou a ser ferido com o disparo de um rojão.
Nas redes sociais, Mariana tem pedido ajuda financeira, segundo ela após o marido ter seu salário bloqueado. “Pedimos a ajuda de cada um de vocês, seja através de doações ou compartilhando nossos dados. Qualquer ajuda é valiosa nesse momento difícil.”
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