Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que as iniciativas de Elon Musk e setores da base de Donald Trump contra o ministro Alexandre de Moraes representam um ‘ataque institucional’ à Corte. Segundo reportagem da jornalista Daniela Lima, da GloboNews, ministros de diferentes alas do tribunal cobram uma reação diplomática formal.
De acordo com a jornalista, magistrados reconhecem que a intervenção do Itamaraty carrega riscos, mas destacam que é impossível apenas “assistir” ao que chamam de “diversas frentes de constrangimento institucional”.
Um ministro da Primeira Turma do STF, grupo do qual Moraes faz parte, teria afirmado à jornalista que a ofensiva contra o magistrado é parte de uma estratégia mais ampla para enfraquecer a Suprema Corte.
“O pano de fundo é jogar para minar a força e a autoridade do Supremo. Neste momento, independentemente de concordar ou não com as posições jurídicas de Moraes, há algo que vem na frente: a instituição”, declarou o magistrado, ainda conforme a jornalista.
De acordo com a reportagem, esse mesmo ministro defende uma resposta diplomática e ressaltou que os ataques de Musk não podem ser vistos isoladamente.
“Há, por exemplo, um projeto em trâmite no Legislativo americano para impedir a entrada de Moraes nos Estados Unidos”, destacou. O bilionário, que se tornou colaborador de Trump, tem acesso a dados da Receita Federal americana e utilizou sua própria plataforma para compartilhar informações de um perfil anônimo que mencionava supostas retiradas de investimentos do ministro dos Estados Unidos.
Ainda segundo Daniela Lima, os ministros do STF asseguram que Moraes permanece “firme e sereno em sua posição”. No entanto, a Corte considera necessária a intervenção formal da diplomacia. “Há uma série de processos movidos pelo governo dos Estados Unidos, inclusive pedidos de extradição, que tramitam no Judiciário brasileiro”, pontuou a jornalista. Para essa ala do STF, a política de reciprocidade deve incluir o respeito à autonomia do Judiciário brasileiro.
A reportagem também destaca que os magistrados reconhecem que uma ação do Itamaraty pode ser utilizada para politizar ainda mais a crise.
“Mas o que vamos fazer? Temos que usar os instrumentos que a lei e as instituições nos dão. É assim que estão fazendo (a ‘extrema-direita’) na Europa. A resposta precisa ser diplomática, porque o ataque é diplomático”, afirmou um dos ministros a Daniela.
Segundo ela, o Itamaraty já atua nos bastidores para defender o STF nos Estados Unidos. Desde novembro de 2024, representantes do Ministério das Relações Exteriores estão em diálogo com formadores de opinião e integrantes do Congresso americano para reforçar a importância da Suprema Corte na preservação da democracia brasileira.
No entanto, segundo fontes diplomáticas citadas na reportagem, essa articulação enfrenta forte pressão de grupos aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que tentam influenciar o governo dos EUA a tomar medidas contra Moraes. Clique AQUI para assistir à fala da jornalista. (Foto: STF)