Stédile diz na ‘CPI do MST’ que fazendeiro brasileiro ‘não pensa no país, apenas no lucro’

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Em depoimento à ‘CPI do MST’ nesta terça-feira (15), o líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, criticou o agronegócio brasileiro.

Segundo ele, “falta consciência de classe aos fazendeiros brasileiros, que não pensam no país, mas apenas nas taxas de lucro”.

“Qual a nossa leitura: nos últimos 30 anos, a agricultura brasileira vem sendo dominada pelo capital financeiro e pelas empresas transnacionais. Eu lamento muito porque os fazendeiros brasileiros não têm consciência de classe, eles só pensam no lucro imediato. E isso é a grande contradição deles, porque não pensam o Brasil, pensam em taxa de lucro. E isso ao longo do tempo é uma contradição que vai inviabilizar seu próprio modelo”, afirmou o economista e ativista social. Assista abaixo!

Stédile afirmou que, nos últimos 30 anos, quem passou a se apropriar das riquezas brasileiras foram os bancos, o mercado de ações e as empresas transnacionais.

“Nessa semana saiu um relatório revelando que a taxa média da renda da terra no Brasil é 13%. Portanto, o fazendeiro fica apenas com 13%. Os outros 87% vão para outros agentes, os bancos, empresas multinacionais, etc”.

E prosseguiu: “Da mesma forma, recentemente o Senar fez uma pesquisa por encomenda da CNA no Mato Grosso, que é o coração do agronegócio brasileiro. Uma pesquisa com 1700 brasileiros, que perguntou a eles ‘quais são seus principais problemas?’ e eles relataram: ‘1º – preço dos insumos que as multinacionais vendem para nós, e que não temos controle algum. 2º – não encontramos mais mão de obra para explorar. 3º – as mudanças climáticas estão afetando a produtividade da nossa agricultura.’ Ora são fazendeiros espertos, que estão se dando conta de onde está o problema”, acrescentou.

O líder do MST afirmou que no Brasil prevalece o modelo do ‘latifúndio exploratório, em que o capital é ‘predador da natureza’.

“E qual é o benefício para a sociedade nesse modelo? Nenhum. E esse modelo não tem futuro, porque a sociedade não o aceita mais. E os parlamentares que fizeram a Constituição de 1988 foram sábios quando condenaram a grande propriedade improdutiva”, declarou.

Stédile complementou sua fala afirmando defendendo a reforma agrária: “O estatuto da terra, que foi nossa melhor lei de reforma agrária, que está em parte em vigor até agora, foi promulgado pelo Marechal Castelo Branco, influenciado pelos EUA, onde ele estudou. Ele sabia que a reforma agrária é um pilar fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. Foi assim que os EUA, inclusive, superaram o Brasil – quando eles fizeram sua revolução e impuseram uma reforma agrária, eles deram o salto da industrialização, enquanto nós continuamos no Plantation”.

E veja também: ‘Força Nacional parada no Ministério da Justiça’: fotógrafo da Reuters conta na CPMI o que viu no 8 de Janeiro. Clique AQUI para ver.


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Fonte: Brasil247
Foto: Agência Câmara

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