Um soldado da Polícia Militar foi preso na última quarta-feira (18) após, supostamente, ter se dirigido a um capitão da corporação como “você” durante uma perícia médica no Hospital da Polícia Militar, localizado no bairro do Tucuruvi, zona norte de São Paulo.
A situação acabou gerando um desdobramento inusitado: o capitão e dois tenentes acabaram denunciados por falso testemunho e denunciação caluniosa.
O policial em questão, Lucas Cardoso, estava acompanhado da advogada para realizar a avaliação médica, motivada por uma lesão no ombro. Segundo outro advogado que também atuou na defesa, é comum que policiais militares levem advogados a esse tipo de perícia, já que há recorrentes problemas com a validação de atestados médicos.
Durante a consulta, o capitão médico Marcelo Cavalcante impediu que a advogada permanecesse na sala e também proibiu a gravação do atendimento.
Diante disso, Lucas tentou registrar o momento por conta própria. Ao final da consulta, que durou cerca de oito minutos, o soldado perguntou se já estava liberado e teria se referido ao capitão como “você”, o que motivou a voz de prisão por desrespeito à hierarquia.
Com a prisão, a defesa de Lucas acionou o advogado, que foi ao hospital e ouviu os áudios gravados pelo próprio soldado, além de entrevistar o capitão e dois tenentes que estavam no local. Segundo a defesa, houve divergências claras entre os relatos dos oficiais.
“Quando cheguei, percebi que os três depoimentos [do capitão e dos tenentes] não batiam. Eu vi que eles estavam mentindo, afirmou o profissional.
Diante das inconsistências, Ribas deu voz de prisão ao capitão por denunciação caluniosa e aos dois tenentes por falso testemunho, já que confirmaram a versão apresentada por Cavalcante.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso está sendo apurado por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM).
A pasta confirmou que Lucas chegou a ser detido por infração ao artigo 160 do Código Penal Militar, que trata do desrespeito a superior hierárquico na presença de outro militar, mas foi liberado após análise dos depoimentos.
A advogada Fernanda Borges comentou o caso nas redes sociais após a soltura do soldado: “A prisão em flagrante foi relaxada diante das graves irregularidades constatadas nos depoimentos das testemunhas e da suposta vítima, que passou à condição de investigado por denunciação caluniosa e falso testemunho. O direito à liberdade não pode ser violado por versões forjadas ou testemunhos contaminados.”, declarou. Que história!
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