A gigante chinesa Shein, especializada em fast-fashion, reajustou para cima os preços de seus produtos nos Estados Unidos, antecipando os efeitos das novas tarifas sobre pequenos pacotes importados. O aumento atinge uma ampla gama de itens, de vestidos a artigos de cozinha, refletindo o possível impacto da guerra comercial nas compras dos consumidores americanos.
Segundo levantamento da Bloomberg News, a maior parte dos reajustes foi registrada na sexta-feira. Em algumas categorias, as altas foram mais expressivas: o preço médio dos 100 principais produtos da seção de beleza e saúde saltou 51% em relação ao dia anterior, com vários itens dobrando de valor.
Em casa, cozinha e brinquedos, o acréscimo médio ultrapassou 30%, com destaque para um conjunto de panos de cozinha que subiu impressionantes 377%. Já nas roupas femininas, a elevação foi de 8%.
Plataformas de comércio eletrônico como Shein e Temu serão afetadas por uma tarifa de 120% sobre diversos produtos, resultado da decisão dos Estados Unidos de eliminar a isenção “de minimis” para pacotes de valor inferior a US$ 800 (cerca de R$ 4.547) oriundos da China e de Hong Kong.
Além disso, o governo americano anunciou que, a partir da próxima sexta-feira, 2 de maio, a taxa postal para cada item subirá para US$ 100 (R$ 568), com novos aumentos programados para 1º de junho.
Até pouco tempo atrás, em 21 de abril, o ex-presidente Donald Trump declarou nas redes sociais que “praticamente não há inflação” devido à queda nos preços da energia e alimentos. No entanto, os recentes aumentos promovidos pela Shein mostram uma tentativa de repassar aos clientes parte dos custos gerados pelas novas tarifas.
Para mitigar os impactos das medidas americanas, a Shein já havia incentivado alguns de seus fornecedores chineses a transferirem parte da produção para o Vietnã. Já a Temu sugeriu que suas fábricas enviassem grandes volumes de produtos diretamente para armazéns nos EUA, adotando o modelo de “meia custódia”.
Segundo a Bloomberg, tanto a Shein quanto a Temu registraram uma retomada nas vendas em março e no começo de abril, com consumidores americanos antecipando compras — de pincéis de maquiagem a eletrodomésticos — antes dos aumentos de preços entrarem em vigor. Ambas as empresas confirmaram, no início deste mês, que haveria reajustes.
Em uma simulação feita pela Bloomberg News entre 24 e 26 de abril, com 50 produtos de diferentes categorias, foi constatado que os preços médios da Shein nos EUA cresceram cerca de 10%. No mesmo período, sete dos 50 itens analisados desapareceram do catálogo americano. Em comparação, os preços no Reino Unido se mantiveram praticamente estáveis.
Dos 43 produtos que permaneceram disponíveis nos EUA, 30 registraram alta superior a 10% em apenas dois dias.
Embora o maior volume de aumentos tenha ocorrido na sexta-feira, alguns ajustes começaram antes. No dia 22 de abril, diversos itens da linha de roupas femininas já tinham encarecido, elevando o preço médio dos 100 produtos mais vendidos de US$ 8,68 (R$ 49) para US$ 9,06 (R$ 51), uma alta superior a 4%. E mais: Flávio Dino dá 48 horas para líder do PL explicar entrevista sobre emendas. Clique AQUI para ver. (Foto: Freepik; Fonte: O Globo)