O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, declarou que deixará o governo caso as reformas propostas afetem direitos adquiridos ou reduzam o salário mínimo. Em entrevista ao jornal O Globo, Lupi afirmou que sua saída seria inevitável se os cortes comprometerem a previdência:
“Vou fazer o que com isso? Tirar direito adquirido? Não conte comigo. Vou baixar o salário? Não conte comigo. Vou deixar de ter ganho real no salário mínimo? Não conte comigo. Se isso acontecer, não tenho como ficar no governo”, afirmou.
Lupi acredita, entretanto, que o governo do qual faz parte não tomará medidas prejudiciais aos direitos previdenciários. Ele defendeu a cobrança dos “grandes devedores” e a taxação de grandes fortunas, proposta em andamento pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para ele, “despesa obrigatória não tem como ser cortada” e ressaltou que a inflação está controlada e que há ganho real no salário.
O ministro também falou sobre a necessidade de economizar por meio da revisão de benefícios irregulares, destacando o auxílio-doença como uma das áreas que precisam de maior controle: “Se um cara teve uma doença e se curou, como continua tendo licença? […] Precisamos botar tecnologia de ponta e ajudar quem tem direito, separar o joio do trigo”, argumentou Lupi.
A declaração de Lupi se soma à ameaça do ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, que afirmou que também deixará o governo caso os cortes afetem benefícios de sua pasta. Ambos aguardam o anúncio de um plano de redução de despesas que, segundo Haddad, será feito em breve.
Veja abaixo trechos da entrevista e clique AQUI para ler na íntegra no jornal O Globo. E mais: Contas do governo acumulam déficit de R$ 105,2 bi em 2024. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fontes: O Globo; Poder360)
O governo prepara um pacote de corte de gastos. Qual valor deve ser cortado de seu ministério e que áreas serão atingidas?
Nosso grande desafio é o equilíbrio fiscal. Como fazê-lo em cima da miséria do povo brasileiro? Quero discutir taxação das grandes fortunas. O (Fernando) Haddad (ministro da Fazenda) até está propondo isso. Quem tem que doar algo nesse processo é quem tem muito, não quem não tem nada. Como vai pegar a Previdência? A média salarial das pessoas é R$ 1.860. Vou fazer o que com isso? Tirar direito adquirido? Não conte comigo. Vou baixar o salário? Não conte comigo. Vou deixar de ter ganho real (no salário mínimo)? Não conte comigo. Se isso acontecer, não tenho como ficar no governo. Acho que o governo não fará isso. Temos que cobrar os grandes devedores, a sonegação e as isenções indevidas.
O governo pediu ao senhor um tamanho de corte específico?
Despesa obrigatória não tem como ser cortada. Acha que algum congressista vai tirar direito de aposentado? Tenho que nascer de novo para acreditar nessa história. O que podemos fazer, e estamos fazendo, é apertar as irregularidades. Estamos fazendo uma economia grande conferindo gente que não tem mais direito à licença por doença. Se um cara teve uma doença e se curou, como continua tendo licença? O grande desafio da Previdência é que mais da metade dos nossos pedidos são de auxílio-doença. O Brasil está doente assim? Temos que melhorar, por exemplo, a biometria. Precisamos botar tecnologia de ponta e ajudar quem tem direito, separar o joio do trigo.