A Procuradoria de Moscou emitiu um ‘alerta’ contra protestos na capital russa devido à morte do ativista Alexei Navalni, anunciada nesta sexta (16) pelo Serviço Federal Prisional do país. O mais conhecido opositor de Vladimir Putin cumpria 30 anos de cadeia em uma prisão 40 km acima do Círculo Polar Ártico. “Favor notar que eventos de massa não foram coordenados com as autoridades do Executivo na cidade, de acordo com os procedimentos estabelecidos em lei”, afirmou o comunicado.
A legislação russa não permite que mais de uma pessoa se reúna em manifestações sem autorização do município. Em 2017, os grandes protestos por Navalni tentavam driblavam isso com convocações online e rápida dispersão, embora sempre houvesse prisões.
Até agora, não há registro de manifestações ou passeatas devido à morte de Alexei. Em Moscou, apoiadores colocaram flores junto ao monumento conhecido como Pedra Solovetski, um pedaço de mineral trazido do campo de prisioneiros Solovki, símbolo do sistema soviético de cadeias para opositores conhecido como Gulag.
Ele fica em frente à sede do FSB, sucessor da antiga KGB, e a homenagem está sendo acompanhada pela polícia, que por enquanto não interveio. Protestos semelhantes foram relatados em redes sociais em pelo menos outras dez cidades russas, como São Petersburgo, sem incidentes até aqui.
Embora nunca tenha tido grande densidade eleitoral, apesar de sua tentativa frustrada de lançar-se candidato a presidente em 2018, Navalni viu sua popularidade crescer com o calvário prisional a que foi submetido depois de voltar à Rússia em janeiro de 2021.
Ele estava na Alemanha sendo tratado do envenenamento com um agente neurotóxico soviético, tipicamente usado pelos serviços secretos russos, ocorrido em setembro de 2020 na Sibéria. Quando foi preso ao desembarcar de um avião que foi desviado de aeroporto, multidões voltaram às ruas para protestar, mas o endurecimento da repressão policial desinflou o movimento. A partir de 2022, com a entrada em vigor de leis severas contra quem se opõe à Guerra da Ucrânia, lançada em fevereiro daquele ano, protestos de massa virtualmente desapareceram na Rússia.
Houve exceções pontuais, como contra a mobilização feita por Putin para suprir suas forças na invasão do país vizinho e, mais recentemente, por questões como problemas no aquecimento público no inverno no interior russo.
Foi o Putin, diz Biden
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, culpou nessa sexta-feira (16) o presidente russo, Vladimir Putin, pela morte de Alexei Navalny, dizendo que não estava “surpreso”, mas “indignado” com o falecimento do líder da oposição russa.
“Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas não há dúvida de que a morte de Nalvany foi uma consequência de algo que Putin e seus capangas fizeram”, disse Biden na Casa Branca, depois que autoridades da prisão russa anunciaram a morte de Navalny. “As autoridades russas vão contar sua própria história”, afirmou Biden.
“Mas não se enganem. Não se enganem, Putin é responsável pela morte de Navalny.” Ele também disse que estava “contemplando” medidas adicionais para punir a Rússia após a morte de Navalny, prestando homenagem ao líder da oposição por “bravamente” enfrentar a “corrupção” e a “violência” do governo de Putin.
Não se meta
A reação em nome dos Estados Unidos após a morte do blogueiro russo Alexey Navalny é mais uma tentativa das autoridades americanas de interferir na política interna da Rússia, disse o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov.
“A morte de uma pessoa é sempre uma tragédia”, afirmou o embaixador russo. “Nesta situação é extremamente importante apurar todos os detalhes da ocorrência”.
“No entanto, os políticos locais [dos EUA] não querem esperar e já culparam as autoridades russas”, continuou Antonov. “Aqui surge uma questão bastante natural: quem é o juiz? Há outra tentativa de interferir na política interna da Federação Russa. E a morte é apenas uma desculpa.”
“Tal política é inaceitável. Seria melhor que os líderes locais se concentrassem nos problemas do seu país que exigem medidas urgentes”, observou Antonov.
De acordo com o embaixador russo: “Aqui eles procuram uma razão para ataques depreciativos e, mais importante, para a introdução de sanções adicionais. A principal tarefa é salvar a Pax Americana em colapso com base nas chamadas regras”.
“A resposta é que não sabemos exactamente o que aconteceu. Mas não há dúvida de que a morte do voluntário foi consequência de algo que Putin e os seus capangas fizeram”, afirmou o presidente dos EUA. E mais: Senado recorre de decisão do STF sobre transporte gratuito em eleições. Clique AQUI para ver. (Foto: Tass; Fontes: Folha de SP; Reuters; Tass).