A tentativa do governo Lula de conter a crise do INSS nas redes sociais esbarrou em um obstáculo difícil de superar: o alcance massivo do vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
Com mais de 134 milhões de visualizações até agora, a gravação do parlamentar superou em larga escala a resposta articulada por integrantes da base governista, cuja soma de postagens não passou dos 5,5 milhões de views — o equivalente a apenas 4,1% da audiência do conteúdo oposicionista. O jornal O Globo publicou arte comparando as visualizações.
Nikolas divulgou seu vídeo na última terça-feira, classificando o escândalo dos descontos indevidos em benefícios previdenciários como “o maior da história” e responsabilizando diretamente o atual governo. Em sua fala, citou um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) que confirma a maior parte das denúncias ocorridas já durante a gestão Lula.
Dois dias depois, o ministro da CGU, Vinicius Carvalho, veio a público para rebater as alegações. Em um vídeo gravado como parte de uma estratégia definida no Palácio do Planalto, ele afirmou que as investigações começaram em 2017 e que já resultaram na descoberta de R$ 6 bilhões em fraudes.
Ele também disse que os R$ 90 bilhões mencionados por Nikolas se referem, na verdade, ao montante total de total de empréstimos consignados concedidos pelo INSS em 2023 — e não a valores desviados.
Segundo a jornalista Daniela Lima, da Globo News, a PF inicia uma nova frente de investigação, mirando agora os consignados. O valor total movimento por essa modalidade foi de R$ 90 bi. A PF agora apura quando dessa quantia poderia ser irregular.
A movimentação nas redes seguiu com outros nomes da linha de frente do governo. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara, publicou um vídeo no qual tenta transferir a origem das fraudes para o governo de Jair Bolsonaro. Já a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, usou sua conta na plataforma X (antigo Twitter) para listar o que chamou de “mentiras da oposição bolsonarista”. A publicação dela, no entanto, alcançou apenas 203 mil visualizações até esta sexta-feira.
Outro integrante da tropa do Lula, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) — ex-ministro da Secom — também reforçou a narrativa de que o esquema criminoso começou antes da volta de Lula ao Planalto.
Apesar do esforço conjunto, o único nome da base governista que chegou mais perto de provocar algum impacto nas redes foi o deputado André Janones (Avante-MG).
Ele se antecipou à publicação de Nikolas e, no dia seguinte à operação da Polícia Federal que revelou o esquema, publicou um vídeo com críticas aos envolvidos. Mesmo assim, sua postagem somou 3,7 milhões de visualizações — ainda muito abaixo da repercussão do deputado mineiro de oposição.
A dificuldade da base governista em responder com eficiência nas redes sociais não é um fenômeno novo. Um cenário semelhante já havia se repetido na chamada “crise do Pix”, quando parlamentares conservadores e liberais, em especial Nikolas, dominaram as redes, enquanto ao governo federal revogar a medida. E mais: Nubank anuncia novidade para clientes. Clique AQUI para ver. (Foto: divulgação; Fonte: G1)