Na última quarta-feira (18), uma das maiores redes de varejo de insumos agrícolas do Brasil protocolou um pedido de recuperação judicial, revelando um passivo gigantesco de R$ 3,7 bilhões e US$ 160 milhões. As dívidas incluem compromissos com bancos, produtores rurais e fornecedores, evidenciando o tamanho do rombo financeiro. A reportagem é do InfoMoney.
Um dos principais credores da companhia é a Vert Companhia Securitizadora, responsável pela estruturação dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que totalizam R$ 516,4 milhões. A crise de liquidez da empresa antecipou o vencimento desses CRAs, agravando ainda mais sua situação financeira.
Segundo informações do veículo, outras instituições financeiras de peso também estão entre os credores, como o Banco do Brasil (R$ 391,2 milhões), Santander (R$ 278,4 milhões) e Citibank (R$ 106,8 milhões). Além disso, grandes fornecedores do setor, como a FMC, têm créditos significativos a receber, somando R$ 163,6 milhões, seguidos por Opea Securitizadora (R$ 148,8 milhões) e Albaugh Agro Brasil (R$ 139,4 milhões).
A empresa ainda tem dívidas com produtores rurais, relacionadas à fixação de preços de grãos, e com seu controlador, o Agrofundo Brasil X FIP, administrado pelo Aqua Capital, somando R$ 152,3 milhões. Outros nomes de relevância no agronegócio aparecem na lista de credores, incluindo Mosaic Fertilizantes (R$ 119,5 milhões), Rainbow Defensivos Agrícolas (R$ 116,9 milhões) e Total Biotecnologia (R$ 115,5 milhões).
Além dos débitos com fornecedores e bancos, o grupo declarou R$ 11,1 milhões em dívidas trabalhistas e R$ 9,6 milhões mais US$ 7 mil destinados a micro e pequenas empresas, conforme as regras de recuperação judicial.
A companhia afirmou que foi afetada por uma combinação de fatores, como a “queda acentuada nos preços das commodities”, “condições climáticas adversas” e “restrições de crédito”, o que impactou severamente sua liquidez e capacidade de geração de caixa, resultando no aumento de sua dívida líquida.
Na quinta-feira (19), a Justiça concedeu uma liminar que suspende execuções de dívidas e rescisões contratuais decorrentes do pedido de recuperação judicial. A decisão, emitida pela juíza Alessandra Gontijo do Amaral, da 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia, bloqueia cláusulas de vencimento antecipado e oferece um respiro temporário de 45 dias para que a empresa elabore seu plano de recuperação e inicie negociações com os credores.
Entre os bancos afetados pela medida estão Banco do Brasil, Santander, Banco ABC, Banco Daycoval e Citibank, que foram proibidos de reter R$ 205 milhões em recebíveis. Esses valores devem ser transferidos para contas de livre movimentação da empresa, sob risco de multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento. Veja análise abaixo! (Foto: reprodução redes sociais, via InfoMoney; Fonte: InfoMoney)