Mesmo com o avanço vertiginoso das tecnologias financeiras, como o Pix e os pagamentos por aproximação, o cheque mantém uma sobrevida no Brasil.
Dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelam que, embora seu uso tenha despencado 95,87% desde 1995 – quando atingiu o pico de popularidade – até 2024, o instrumento ainda foi movimentado 137,6 milhões de vezes no último ano.
No passado, o cheque reinava absoluto: em 1995, impressionantes 3,3 bilhões de unidades circularam pelo País. Contudo, a chegada de alternativas mais modernas reduziu drasticamente sua relevância.
Segundo o Banco Central (BC), em 2020, apenas 1% das transações registradas no Brasil utilizaram esse método. Ainda assim, ele persiste em nichos específicos. O Banco do Brasil (BBAS3) destaca que o cheque segue sendo útil por características como a ausência de limite de valor, a possibilidade de definir prazos flexíveis para pagamento e sua força legal como “título executivo” – um documento que facilita a cobrança judicial de dívidas.
Em situações como aluguel de veículos ou imóveis, o cheque caução é frequentemente adotado como garantia, reservando recursos para cobrir eventuais prejuízos ou inadimplências. Além disso, o chamado cheque pré-datado, com data futura para compensação, continua sendo uma opção em compras parceladas, sem custos adicionais de taxas, o que o diferencia de outros meios de pagamento.
Conforme explica o BC, “o cheque é uma ordem de pagamento à vista”, funcionando como um título de crédito que formaliza a obrigação do emissor de transferir um montante ao beneficiário. Décadas atrás, nas eras de 1980 e 1990, ele era protagonista nas transações do dia a dia, permitindo saques diretos no caixa ou a conversão imediata em dinheiro vivo.
Hoje, a segurança é um argumento a seu favor. Diferentemente de um celular roubado, que pode expor a conta bancária da vítima, o cheque oferece uma camada de proteção em tempos de crimes digitais. Por outro lado, a alta inadimplência associada ao seu uso contribuiu para que ele perdesse terreno, tornando-se um recurso cada vez mais raro, mas não extinto.
Queda do uso do cheque – Fonte: Estadão
Ano Compensados Variação de ano para 1995
1997 2.943.837.133 -11,71%
1998 2.748.906.075 -17,55%
1999 2.602.863.723 -21,93%
2000 2.637.492.836 -20,90%
2001 2.600.298.561 -22,01%
2002 2.397.295.279 -28,10%
2003 2.246.428.302 -32,63%
2004 2.106.501.724 -36,82%
2005 1.940.344.627 -41,81%
2006 1.709.352.834 -48,73%
2007 1.533.452.222 -54,01%
2008 1.396.544.544 -58,11%
2009 1.234.971.610 -62,96%
2010 1.120.364.198 -66,40%
2011 1.012.774.771 -69,62%
2012 914.214.328 -72,58%
2013 838.178.679 -74,86%
2014 755.816.648 -77,33%
2015 672.014.638 -79,84%
2016 576.404.408 -82,71%
2017 494.055.868 -85,18%
2018 436.204.425 -86,92%
2019 384.278.195 -88,47%
2020 287.196.448 -91,39%
2021 218.944.650 -93,43%
2022 202.848.320 -93,92%
2023 168.693.980 -94,94%
2024 137.658.640 -95,87%