O presidente chinês, Xi Jinping, se encontrou com seu “querido amigo” Vladimir Putin em Moscou nesta segunda-feira (20), buscando aprofundar os laços econômicos com um aliado que ele vê como um contraponto forte ao Ocidente e promover o papel de Pequim como um potencial pacificador na Ucrânia.
A Rússia está apresentando a viagem de Xi, a primeira desde que garantiu um terceiro mandato sem precedentes neste mês, como prova de que tem um amigo poderoso em seu impasse com um Ocidente hostil.
Os dois líderes se disseram “queridos amigos” quando se encontraram no Kremlin na tarde de hoje antes de um jantar, seguido de conversas formais amanhã (20).
“Dez anos atrás, fiz minha primeira visita de Estado à Rússia como presidente chinês e, junto com o presidente Putin, abri um novo capítulo no desenvolvimento geral das relações China-Rússia”, disse o presidente.
“Na última década, nossos dois países consolidaram e desenvolveram o relacionamento bilateral com base na não-aliança, não-confronto e sem visar terceiros, e deram um bom exemplo para o desenvolvimento de um novo modelo de relações entre os principais países, apresentando respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha”, enfatizou.
Os dois países aprofundaram a confiança política mútua, expandiram a cooperação prática e continuam a cooperação estreita e eficiente na arena global, disse o líder chinês.
A China e a Rússia “forjaram uma amizade de longa data” entre seus povos”, enfatizou Xi. “O crescimento das relações China-Rússia não só trouxe benefícios tangíveis para o povo de nossos dois países, mas também fez contribuições importantes para o desenvolvimento e progresso do mundo”, disse.
Putin disse a Xi que vê as propostas da China para uma resolução do conflito na Ucrânia com respeito e também tem “um pouco de inveja” do rápido desenvolvimento da China nas últimas décadas. “A China criou um sistema muito eficaz para desenvolver a economia e fortalecer o Estado. É muito mais eficaz do que em muitos outros países”, disse ele.
Mediação
A China divulgou uma ampla proposta de 12 pontos para resolver o conflito na Ucrânia, ao mesmo tempo em que fortalece as relações com Moscou.
Pequim rejeitou repetidamente as acusações ocidentais de que planeja armar a Rússia, mas diz que quer uma parceria energética mais próxima depois de aumentar as importações de carvão, gás e petróleo russos. “Ambos os lados estão fortalecendo continuamente a confiança política mútua, criando um novo paradigma de relações entre as grandes potências”, escreveu Xi em um artigo publicado na Rússia antes de sua viagem.
As sanções ocidentais tornaram a energia russa mais barata, economizando bilhões de dólares para a China, mas seus principais parceiros comerciais continuam sendo os Estados Unidos e a União Europeia.
A Ucrânia disse que a China deveria pressionar a Rússia para parar sua invasão. “Esperamos que Pequim use sua influência sobre Moscou para pôr fim à guerra agressiva contra a Ucrânia”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko.
Xi disse que a proposta de paz da China para a Ucrânia, apresentada em um documento público no mês passado, reflete ‘visões globais’. Problemas complexos não têm soluções simples”, escreveu ele no Rossiiskaya Gazeta, uma mídia russa.