Um novo projeto de lei protocolado no Parlamento da Itália propõe a concessão de vistos de até cinco anos para ítalo-descendentes que desejam estudar ou trabalhar no país. A medida, apresentada pelo deputado Fabio Porta, do Partido Democrático (PD), tem como objetivo combater o “inverno demográfico” que assola o país há anos, contribuindo para a redução da população.
O projeto mira uma vasta população de descendentes de italianos, estimada em pelo menos 60 milhões de pessoas ao redor do mundo, metade delas no Brasil. Porta destaca que atrair jovens estudantes e trabalhadores é crucial para enfrentar o problema do declínio populacional, embora reconheça que a medida por si só não seja suficiente para resolver a questão.
O foco da proposta são os jovens, mas não há limite de idade para a concessão do visto. O benefício seria concedido mediante comprovação de ascendência italiana ou de um forte vínculo cultural, social ou familiar com a Itália. Segundo Porta, o processo de obtenção do visto seria simplificado, exigindo apenas um documento que ateste a ascendência italiana, sem a necessidade de comprovar cidadania, algo que nem todos os 36 milhões de ítalo-brasileiros podem fazer.
Os requisitos específicos para o visto serão definidos posteriormente, mas uma das exigências seria a certificação de conhecimento intermediário da língua italiana, facilitando a integração dos beneficiários no mercado de trabalho e nas universidades italianas.
Além de atrair novos residentes, o projeto também visa apoiar pequenos municípios, que sofrem mais intensamente com o esvaziamento populacional. A proposta prevê incentivos fiscais para as famílias que hospedarem os beneficiados, com descontos nos impostos que aumentam conforme o tamanho da cidade de destino diminui.
Daniel Taddone, sociólogo e genealogista ítalo-brasileiro do Conselho-Geral dos Italianos no Exterior (Cgie), considera a iniciativa oportuna, mas expressa dúvidas quanto à sua viabilidade. Ele alerta que o texto atual é “um pouco confuso” e não esclarece como seria feita a comprovação da ascendência italiana. Taddone teme que o projeto possa acabar engavetado, apesar das boas intenções.
O projeto ainda aguarda para ser pautado em uma das comissões da Câmara dos Deputados. Para avançar, precisará do apoio de pelo menos parte da base da primeira-ministra Giorgia Meloni, apesar de Porta ser da oposição. O deputado defende que a proposta é de interesse comum e não possui conotação ideológica.
A Itália enfrenta uma crise demográfica profunda, com a taxa de natalidade atingindo recordes negativos. Em 2023, o país registrou apenas 379 mil nascimentos, o menor número de sua história.
Além disso, projeções do Instituto Nacional de Estatística (Istat) indicam que a população italiana pode diminuir em 11,5 milhões até 2070, o que representaria uma redução de 20% em menos de 50 anos. E mais: Tarcísio lança pacote de R$ 10 mi para produtores afetados por incêndios. Clique AQUI para ver. (Foto: Pixa Bay; Fonte: Ansa)