O homem preso pelos atos de ‘8 de Janeiro’ e que morreu nessa segunda-feira (20) nas dependências da Penitenciária da Papuda prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) em julho, quando avisou de seus problemas de saúde. A informação é do Estadão.
A audiência foi comandada pela juíza Larissa Almeida Nascimento, que representava Alexandre de Moraes, relator do caso.
Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, casado e pai de duas filhas, contou que tinha vasculite aguda que o fazia desmaiar e ter falta de ar no presídio. Sua defesa já havia pedido sua liberdade provisória e até a PGR já havia concordado com o benefício justamente pelo problema de saúde.
No depoimento, Cleriston contou que começou a passar mal depois que foi detido pelos policiais no Congresso Nacional em 8 de janeiro.
“Passei muito mal, sem alimentação. Nós não tivemos alimentação, só por volta de madrugada, não lembro, mais ou menos. Eu comecei a passar mal, eu sei que eu desmaiei e, inclusive, fiz xixi até na roupa, sem ver. (…) “Me levaram para uma UPA e me trouxeram novamente. Aí que a minha esposa chegou com os remédios por volta de umas sete horas da manhã, seis horas”, afirmou.
Na audiência, Cleriston disse que ainda sofria de problemas de saúde enquanto estava preso. “Eu tenho essa vasculite aqui de desmaiar, de falta de ar, essas coisas. Mas Deus tem cuidado da gente aqui e nós vamos vencer”, afirmou. Assista abaixo!
Em outro momento da audiência, Cleriston disse que não sabia que estava sendo preso quando estava dentro do Congresso durante os atos antidemocráticos. Segundo ele, os policiais pediram o seu celular e ele entregou sabendo que não tinha “nada a esconder”. pic.twitter.com/7NfdmzHL7t
— Política Estadão (@EstadaoPolitica) November 21, 2023
Ele morava e tinha um comércio na região administrativa de Vicente Pires, a 20 quilômetros dos Três Poderes. Segundo Cleriston, ele soube dos atos pela mídia, e se deslocou até próximo aos Três Poderes após receber uma carona da sua esposa.
O preso disse que não participaria dos atos se soubesse que as manifestações seriam violentas. O empresário brasiliense admitiu que invadiu o Senado, mas afirmou que nada quebrou nem entrou em confronto com policiais. Disse que sequer recebeu voz de prisão. Eles apenas teriam orientado as pessoas que estavam no plenário a se retirar para “um lugar seguro”.
Na saída, Cleriston disse que a polícia pediu o seu celular: “Passei a senha também e falei que eles poderiam anotar. Não tenho nada a esconder”.
“Logo em seguida que eu fiquei sabendo que eu estava preso. Eu falei para o policial: ‘o senhor falou que ia nos conduzir para um local em segurança mas nós estamos presos?’. [O policial disse:] ‘É, agora vocês não podem sair daqui mais’. Aí, inclusive nós estamos aqui [na Papuda] até agora”, afirmou. O enterro de Cleriston foi hoje (21).
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