Após anos de críticas aos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro sobre os preços da gasolina, Lula (PT) encerrou o primeiro ano de seu terceiro mandato com o combustível atingindo valores ainda mais elevados em comparação com o governo anterior. Isso ocorreu mesmo com a Petrobras encerrando o programa de paridade internacional.
Durante o ano de 2023, o preço médio da gasolina no país registrou um aumento de 9%. Em 2022, o litro do combustível iniciou o ano custando, em média, R$ 5,12 nos postos, terminando com o valor de R$ 5,58, representando um acréscimo de R$ 0,46.
Os dados foram obtidos por meio das pesquisas semanais realizadas pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) junto aos revendedores. O último levantamento, referente à semana encerrada em 30 de dezembro, foi divulgado nessa terça-feira (2).
O aumento nos preços dos combustíveis foi uma das principais críticas feitas por Lula à gestão de Jair Bolsonaro no campo econômico. A retomada da demanda global pós-pandemia e os conflitos na Ucrânia pressionaram os preços do petróleo no governo anterior, que seguia o PPI (Preço de Paridade de Importação, criado por Temer), definido pela taxa de câmbio e a cotação do barril de óleo.
Em contrapartida, em 2023, o barril do tipo brent, referência no mercado global, encerrou com uma desvalorização de 6,2%. Ao longo do ano, a commodity teve variações significativas devido às guerras na Europa e no Oriente Médio, além dos cortes globais na produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). A cotação oscilou entre US$ 71 em junho e quase US$ 100 em setembro.
No entanto, o aumento dos impostos federais teve um impacto significativo nos preços, especialmente com a retomada integral da cobrança de PIS/Cofins para a gasolina e o etanol em junho de 2023. Isso contribuiu para pressionar os preços dos combustíveis nas bombas, uma vez que o governo Lula já havia aplicado um aumento parcial dos tributos em março.
Os motoristas brasileiros encontraram na alternativa do etanol um alívio, pois, enquanto a gasolina subia em 2023, o etanol experimentou uma queda. Custando em média R$ 4,01 na primeira semana de 2023, chegou ao final do ano sendo comercializado a R$ 3,42, uma redução de 14,7%. No entanto, muitas vezes, a diferença em relação à gasolina não compensa o maior consumo dos veículos quando utilizam etanol.
O GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), conhecido como gás de cozinha, apresentou uma pequena queda de 6,9% ao longo do ano passado, encerrando dezembro com uma média de R$ 101 pelo botijão de 13 kg.
Lula, no início de seu governo, propôs o “abrasileiramento” dos preços da Petrobras para reduzir os valores. Em maio, a política de precificação da estatal foi alterada, considerando custos de produção, logística e importação, uma vez que parte significativa dos combustíveis consumidos no Brasil é importada. No entanto, desde a implementação da nova regra, os preços finais não apresentaram redução significativa. O valor médio do diesel nos postos acumula alta de 8,7%, enquanto a gasolina teve um aumento de 2,2%.
No caso do óleo diesel, houve uma redução de 8,6% em 2023, apesar de não ter sido tão expressiva. O litro, que estava em R$ 6,41 na primeira semana de 2023, teve diversas oscilações ao longo do ano, chegando a R$ 4,92 em julho e encerrando o ano em R$ 5,86.
Veja abaixo como ficou o acumulado no primeiro ano do governo Lula 3.
GASOLINA: o preço médio passou de R$ 4,96 na última semana de 2022 para R$ 5,58 na semana de 24 a 30 de dezembro de 2023. O avanço é de 12,5%.
ETANOL: encerrou 2022 custando R$ 3,87. Na última semana de 2023, o valor médio encontrado foi de R$ 3,42 — recuo de 11,6%.
DIESEL: fechou o ano passado a R$ 6,25. Na última semana, custava R$ 5,86 — queda de 6,24% no ano.
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