A arroba do boi gordo alcançou R$ 326,30 na última semana, o maior valor desde maio de 2022. Esse aumento reflete diretamente no preço da carne nos açougues e supermercados, onde o consumidor já enfrenta a maior alta mensal dos últimos quatro anos. A expectativa é de que os cortes continuem subindo até o final de 2024, segundo reportagem do portal R7.
De acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE, a inflação oficial de outubro mostrou um aumento de 5,81% nos preços da carne, gerando um impacto de 0,14 ponto percentual no índice geral.
Esse é o segundo mês consecutivo de aumento, sendo o maior desde novembro de 2020, quando os cortes registraram variação de 6,54%. Entre as carnes que tiveram alta mais expressiva, destacam-se o acém (9,09%), a costela (7,40%), o contrafilé (6,07%) e a alcatra (5,79%).
A menor oferta de carne, resultado da seca, do aumento da demanda interna e do crescimento das exportações, são apontados como os principais fatores desse cenário. Segundo o pesquisador Thiago Bernardino de Carvalho, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, as condições climáticas dificultaram a produção de pastagem, principal alimento do boi. “Entre abril e setembro, tivemos poucas chuvas, o que afeta diretamente a pastagem e o desenvolvimento do gado. Este ano, a seca mais intensa e as queimadas agravaram ainda mais essa situação”, explica Carvalho.
Além disso, o cenário de preços desfavoráveis desde 2023 desestimulou os pecuaristas a investirem em suplementação e confinamento do gado, métodos que ajudam o animal a ganhar peso antes do abate. No pasto, o boi ganha em média 900 gramas a 1 kg por dia, enquanto no confinamento pode ganhar até mais de 2 kg diários, reduzindo o tempo de engorda. Contudo, o confinamento exige um investimento maior e representa um risco financeiro elevado, o que afastou muitos pecuaristas dessa alternativa.
“Observamos uma taxa menor de confinamento entre abril e junho, o que impacta agora. Com o preço em alta, o confinamento foi retomado apenas no final de setembro, o que significa que o gado só estará pronto para abate em janeiro”, detalha o pesquisador.
Pelo lado da demanda, dois fatores são apontados como impulsionadores da alta: o câmbio elevado e o aumento das exportações. A China, principal destino da carne brasileira, aumentou em 30% suas compras em 2024, estabelecendo um novo recorde.
A tendência, segundo o especialista, é de que os preços sigam em alta até o final do ano. “Com a oferta reduzida de bois para abate, os frigoríficos encontram dificuldades para manter o ritmo de produção. O mercado externo continua forte e o setor varejista precisa se abastecer para o fim do ano. Tudo indica que os preços continuarão em alta, sem muito espaço para redução”, conclui o pesquisador do Cepea. E mais: CBF divulga calendário de 2025 com Brasileirão de dez meses. Clique AQUI para ver. (Foto: PIxaBay; Fonte: R7)