O escândalo envolvendo fraudes nos descontos aplicados aos benefícios do INSS gerou uma onda de repercussões em grupos de mensagens, ultrapassando em volume e engajamento episódios que também tiveram impacto nacional neste ano, como a suposta taxação do Pix, a internação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e as discussões sobre a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
A conclusão está em uma pesquisa da consultoria Quaest, divulgada nesta segunda-feira (6), que analisou o comportamento de usuários em plataformas como WhatsApp, Telegram e outros serviços de mensagens.
De acordo com o levantamento, foram identificadas 3,6 milhões de mensagens mencionando diretamente o caso do INSS entre os dias 21 de abril e 7 de maio, em uma amostra composta por 30 mil grupos públicos.
A análise foi feita por meio da técnica conhecida como social listening, que permite o monitoramento e a interpretação de padrões de comportamento, emoções e tendências em ambientes digitais.
O escândalo mobilizou um número de mensagens 2,6 vezes maior do que o registrado durante a repercussão da crise do Pix, deflagrada no início do ano após o governo anunciar uma medida da Receita Federal que previa o monitoramento mais rigoroso de movimentações financeiras. A forte reação pública obrigou o governo a recuar da proposta.
Em relação ao teor das mensagens sobre o INSS, a pesquisa aponta que metade dos conteúdos analisados tinha caráter crítico ao governo do Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto 47% compartilhavam notícias sobre o tema, sem emitir opinião. Apenas 3% dos registros apresentavam alguma forma de defesa do governo federal.
A evolução das mensagens nos grupos analisados revelou três picos de atenção. O primeiro ocorreu em 23 de abril, data em que foi deflagrada a Operação Sem Desconto.
O segundo aconteceu em 29 de abril, quando a Polícia Federal divulgou um relatório com detalhes das fraudes. O terceiro salto no volume de mensagens se deu entre o domingo e a segunda-feira seguintes, impulsionado pela publicação de um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o caso.
O vídeo de Nikolas teve um impacto particularmente expressivo: nos dois primeiros dias após sua divulgação, ele gerou 108% mais menções em grupos de mensagens do que o conteúdo publicado pelo próprio parlamentar sobre o Pix, em janeiro.
A comparação feita pela Quaest ilustra como o tema dos descontos ilegais no INSS mobilizou a opinião pública de forma mais intensa que outras polêmicas envolvendo o governo federal.
Além de ultrapassar a repercussão da crise do Pix, o escândalo também superou o interesse em torno da saúde de Bolsonaro, internado em janeiro, e das discussões sobre a anistia para os envolvidos nos atos do início de 2023.
A análise reforça o desgaste provocado pelo episódio do INSS para o governo. Os dados mostram que o tema se consolidou como um dos mais sensíveis do ano, com forte potencial de mobilização popular e ampla circulação em redes que influenciam diretamente o debate político nacional.
Ao contrário de outros episódios, cuja repercussão foi mais pontual ou restrita a determinados grupos, a fraude nos descontos atingiu grande capilaridade e provocou uma resposta intensa e duradoura por parte da população conectada. E mais: Governo Lula cria grupo para coordenar ‘plano de inteligência artificial’. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução vídeo; Fontes: O Globo; CNN)