O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União-MA) decidiu não aceitar o convite de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o comando do Ministério das Comunicações. Em nota oficial, divulgada após reunião com a cúpula do União Brasil, o parlamentar justificou que, neste momento, pode ser mais útil ao governo atuando como líder da bancada na Câmara dos Deputados.
“Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados”, afirmou.
Ele também destacou que sua posição permite “dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil”. Ao recusar o ministério, disse ainda: “Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil.”
Conforme reportagem do G1, mais cedo circulou entre jornalistas uma nota, atribuída ao presidente do União Brasil, Antonio Rueda, que também mencionava a negativa de Pedro Lucas e indicava que a legenda continuaria aliada ao Planalto, devendo sugerir outro nome para o ministério. No entanto, a direção do partido não confirmou a autenticidade do texto.
A pasta das Comunicações está sem comando desde 8 de abril, quando Juscelino Filho deixou o cargo após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao STF por suposto uso irregular de emendas parlamentares.
No dia 10, após um jantar com Lula e integrantes da articulação política do governo, chegou-se a acreditar que o deputado havia aceitado o cargo. A ministra Gleisi Hoffmann chegou a confirmar a informação. No entanto, no dia seguinte, Pedro Lucas deu sinais nas redes sociais de que ainda não havia tomado uma decisão definitiva.
Aliados afirmam que, ainda segundo o G1, o parlamentar já vinha comunicando a colegas de bancada que preferia permanecer no Legislativo. O anúncio oficial teria sido adiado por conta da semana esvaziada devido aos feriados.
A decisão envolve também uma disputa interna pela liderança da bancada. Pedro Lucas foi escolhido líder após uma eleição interna conturbada, enfrentando resistência de outros dois candidatos. Parlamentares acusaram Antonio Rueda de interferência no processo para emplacar seu aliado. A permanência de Pedro Lucas é vista como forma de manter o controle da legenda na Câmara, evitando que um grupo opositor assuma o posto.
Nos bastidores, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tem articulado para colocar Juscelino Filho — recém-saído do Ministério das Comunicações — como novo líder do partido na Câmara.
A recusa ao convite, embora cause certo desconforto com o Planalto, é defendida por integrantes do União Brasil como estratégica. Eles acreditam que a troca de liderança neste momento poderia enfraquecer ainda mais a base aliada de Lula na Casa. Há, inclusive, quem fale em “rebelião” de parlamentares da legenda com perfil de oposição, caso percam espaço.
Embora Pedro Lucas e Juscelino sejam do mesmo partido e estado, os dois pertencem a grupos políticos rivais no Maranhão. O União Brasil, por sua vez, continua fragmentado: abriga tanto aliados de Lula quanto defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A tensão interna ficou evidente recentemente, quando mais de dois terços da bancada — 40 dos 59 deputados — assinaram um pedido de urgência para o projeto que busca anistiar envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A proposta, apoiada pelo bolsonarismo, é fortemente rejeitada pelo governo.
Para Lula, a indicação de nomes aos ministérios é uma das principais estratégias para fortalecer sua base no Congresso. A recusa de Pedro Lucas, portanto, representa mais um desafio nessa costura política. Veja a nota oficial de Pedro Lucas:
“Com espírito de responsabilidade e profundo respeito pela democracia brasileira, venho a público agradecer ao presidente Lula pelo honroso convite para assumir o Ministério das Comunicações. A confiança depositada em meu nome me tocou de maneira especial e jamais será esquecida.
Reflito diariamente sobre o papel que a política deve exercer: servir ao povo com compromisso, equilíbrio e coragem.
Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil. Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados. A liderança me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil.
Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite. Recebo seu gesto com gratidão e reafirmo minha disposição para o diálogo institucional, sempre em favor do Brasil.
Seguirei lutando pelo bem-estar de todos os brasileiros, especialmente daqueles que mais precisam. Continuarei atuando com firmeza no Parlamento, buscando consensos, defendendo a boa política e acreditando que o respeito às diferenças é o que fortalece nossa democracia. Pedro Lucas Fernandes (MA)“.