Papa recebe no Vaticano organização ‘marxista e Cristã’ e pede: “não parem de sonhar”

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Francisco com a delegação do Grupo DIALOP | Fonte e foto: Vaticano



O Papa Francisco recebeu na manhã dessa quarta-feira (10), antes da audiência geral na Sala Paulo VI, representantes da organização internacional ‘DIALOP’, segundo o próprio Vaticano, “que há muitos anos estão empenhados em promover o bem comum por meio do diálogo entre socialistas, marxistas e cristãos.” Em seu site oficial, a ONG também se define como ‘marxista/socialista’ e Cristã. Clique AQUI para acessar.

Na sua saudação aos representantes da DIALOP, presentes no encontro na manhã desta quarta-feira, Francisco recordou um escritor latino-americano que “disse que os homens têm dois olhos, mas um de carne e outro de vidro. Com o primeiro, eles veem o que olham, com o outro, o que sonham. Não percam a capacidade de sonhar!”, exortou.

 

Francisco então salientou que “hoje, em um mundo dividido por guerras e polarizações, corremos o risco de perder a capacidade de sonhar”. Os argentinos, dizem: “no te arrugues”, uma expressão que significa “não recue”.

“E este é o convite que faço a vocês também – salientou o Papa: não recuem, não desistam, não parem de sonhar com um mundo melhor. Pois é na imaginação que a inteligência, a intuição, a experiência e a memória histórica se unem para criar, aventurar-se e arriscar”.

“Quantas vezes, ao longo dos séculos”, continuou Francisco, “grandes sonhos de liberdade e igualdade, de dignidade e fraternidade, um espelho do sonho de Deus, produziram avanços e progresso”. Então o Papa recomendou aos ‘marxistas cristãos’ três atitudes válidas para o seu compromisso: “a coragem de romper os esquemas, a atenção aos mais fracos e a promoção da legalidade”.

“Primeiro: ter a coragem de romper com os moldes e abrir-se, no diálogo, para novos caminhos. Em uma época marcada em vários níveis por conflitos e divisões, não percamos de vista o que ainda pode ser feito para inverter a rota”.

“Contra abordagens rígidas que separam” – continuou o Papa – “cultivemos, com o coração aberto, o confronto e a escuta, sem excluir ninguém, nos níveis político, social e religioso, para que a contribuição de cada um possa, em sua peculiaridade concreta, ser acolhida positivamente nos processos de mudança aos quais nosso futuro está ligado”.

“Em segundo lugar, atenção aos mais fracos. A medida de uma civilização pode ser vista pela forma como os mais vulneráveis são tratados”, justificou o Papa. “Não nos esqueçamos de que as grandes ditaduras, pensemos no nazismo, descartaram os vulneráveis, mataram-nos, descartaram-nos – e uma civilização se vê pela forma como os mais vulneráveis são tratados: os pobres, os desempregados, os sem-teto, os imigrantes, os explorados e todos aqueles que a cultura do descarte transforma em lixo. E essa é uma das piores coisas”.

“Uma política”, reafirmou, “que esteja realmente a serviço do homem não pode se deixar ditar pelos mecanismos financeiros e de mercado”.

“A solidariedade, além de ser uma virtude moral, é uma exigência de justiça, que requer a correção das distorções e a purificação das intenções de sistemas injustos, inclusive por meio de mudanças radicais de perspectiva no compartilhamento de desafios e recursos entre pessoas e povos”.

Então o Papa Francisco disse que aquele que se dedica a esse campo ele gosta de chamar de “poeta social”, porque poesia é criatividade, e aqui se trata de colocar a criatividade a serviço da sociedade, para que ela possa ser mais humana e fraterna.

“Não tenham medo da poesia”, disse, “a poesia também é criatividade. Não vamos nos esquecer dessa capacidade de sonhar”.

Por fim, a legalidade. “O que dissemos até agora”, sublinhou Francisco”, implica um compromisso de combater o flagelo da corrupção, o flagelo do abuso de poder e a ilegalidade. “Somente com honestidade é possível estabelecer relacionamentos saudáveis e cooperar com confiança e eficácia na construção de um futuro melhor”.

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