O Papa Francisco recebeu na manhã dessa quarta-feira (10), antes da audiência geral na Sala Paulo VI, representantes da organização internacional ‘DIALOP’, segundo o próprio Vaticano, “que há muitos anos estão empenhados em promover o bem comum por meio do diálogo entre socialistas, marxistas e cristãos.” Em seu site oficial, a ONG também se define como ‘marxista/socialista’ e Cristã. Clique AQUI para acessar.
Na sua saudação aos representantes da DIALOP, presentes no encontro na manhã desta quarta-feira, Francisco recordou um escritor latino-americano que “disse que os homens têm dois olhos, mas um de carne e outro de vidro. Com o primeiro, eles veem o que olham, com o outro, o que sonham. Não percam a capacidade de sonhar!”, exortou.
Sonhar um mundo melhor!
O #PapaFrancisco recebeu na manhã desta quarta-feira, antes da Audiência Geral, uma delegação do grupo DIALOP (Tranversal Dialogue Project), um projeto que há dez anos promove um diálogo entre socialistas, marxistas e cristãos por uma ética comum pic.twitter.com/Kq2ypGc9NY
— Vatican News (@vaticannews_pt) January 10, 2024
Francisco então salientou que “hoje, em um mundo dividido por guerras e polarizações, corremos o risco de perder a capacidade de sonhar”. Os argentinos, dizem: “no te arrugues”, uma expressão que significa “não recue”.
“E este é o convite que faço a vocês também – salientou o Papa: não recuem, não desistam, não parem de sonhar com um mundo melhor. Pois é na imaginação que a inteligência, a intuição, a experiência e a memória histórica se unem para criar, aventurar-se e arriscar”.
“Quantas vezes, ao longo dos séculos”, continuou Francisco, “grandes sonhos de liberdade e igualdade, de dignidade e fraternidade, um espelho do sonho de Deus, produziram avanços e progresso”. Então o Papa recomendou aos ‘marxistas cristãos’ três atitudes válidas para o seu compromisso: “a coragem de romper os esquemas, a atenção aos mais fracos e a promoção da legalidade”.
“Primeiro: ter a coragem de romper com os moldes e abrir-se, no diálogo, para novos caminhos. Em uma época marcada em vários níveis por conflitos e divisões, não percamos de vista o que ainda pode ser feito para inverter a rota”.
“Contra abordagens rígidas que separam” – continuou o Papa – “cultivemos, com o coração aberto, o confronto e a escuta, sem excluir ninguém, nos níveis político, social e religioso, para que a contribuição de cada um possa, em sua peculiaridade concreta, ser acolhida positivamente nos processos de mudança aos quais nosso futuro está ligado”.
“Em segundo lugar, atenção aos mais fracos. A medida de uma civilização pode ser vista pela forma como os mais vulneráveis são tratados”, justificou o Papa. “Não nos esqueçamos de que as grandes ditaduras, pensemos no nazismo, descartaram os vulneráveis, mataram-nos, descartaram-nos – e uma civilização se vê pela forma como os mais vulneráveis são tratados: os pobres, os desempregados, os sem-teto, os imigrantes, os explorados e todos aqueles que a cultura do descarte transforma em lixo. E essa é uma das piores coisas”.
“Uma política”, reafirmou, “que esteja realmente a serviço do homem não pode se deixar ditar pelos mecanismos financeiros e de mercado”.
“A solidariedade, além de ser uma virtude moral, é uma exigência de justiça, que requer a correção das distorções e a purificação das intenções de sistemas injustos, inclusive por meio de mudanças radicais de perspectiva no compartilhamento de desafios e recursos entre pessoas e povos”.
Então o Papa Francisco disse que aquele que se dedica a esse campo ele gosta de chamar de “poeta social”, porque poesia é criatividade, e aqui se trata de colocar a criatividade a serviço da sociedade, para que ela possa ser mais humana e fraterna.
“Não tenham medo da poesia”, disse, “a poesia também é criatividade. Não vamos nos esquecer dessa capacidade de sonhar”.
Por fim, a legalidade. “O que dissemos até agora”, sublinhou Francisco”, implica um compromisso de combater o flagelo da corrupção, o flagelo do abuso de poder e a ilegalidade. “Somente com honestidade é possível estabelecer relacionamentos saudáveis e cooperar com confiança e eficácia na construção de um futuro melhor”.