Você soube que até ontem (6) acontecia, no Chile, a 19ª edição dos Jogos Pan-Americanos? Se não, relaxe, porque não foi só você. Pergunte aos familiares e aos amigos e descubra que muita gente também nem fazia ideia da competição, muito menos ter assistido a uma disputa esportiva.
Isso porque, desta vez, os jogos não tiveram transmissão em TV, nem na fechada nem na aberta. Antes de comprar os direitos do Pan com recursos próprios, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) fez o meio de campo entre a PanAm Sports, empresa que organiza a competição, e emissoras brasileiras.
Globo e Band iniciaram negociações, mas as conversas não avançaram porque as TVs não quiseram pagar pelo valor pedido – algo em torno de US$ 10 milhões (R$ 50 milhões). E olha que a emissora ‘toda poderosa’ vive cobrando ‘investimento’ no esporte, mas não achou viável ‘investir’ na transmissão. Mas fazer crítica é o esporte mais fácil.
Quando viu que não havia sido encontrada ainda uma solução para transmitir o Pan no Brasil, o COB decidiu agir e garantiu o pacote para o streaming por um valor menor – menos de R$ 25 milhões de acordo com a Folha.
Na visão da entidade, seria prejudicial os atletas e para o esporte olímpico brasileiro que o evento não fosse transmitido no país. Em seguida, o COB decidiu dividir a transmissão do evento com a CazéTV, o canal do streamer Casimiro Miguel no Youtube, o que acabou limitando a audiência a um público muito menor.
O Brasil na competição
Recorde de medalhas: 205. Recorde de ouros: 66, além de 73 pratas e 66 bronzes. A primeira vez que o desempenho feminino superou o masculino: 33 ouros e 95 medalhas com as mulheres e 30 ouros e 92 medalhas com os homens. Segundo lugar geral no quadro de medalhas. Desempenhos históricos em modalidades como ginástica rítmica (100% dos ouros) e boxe (presença em nove das 13 finais). Um total de 140 vagas conquistadas para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.
“Temos que comemorar sobretudo ter alcançado nosso principal objetivo, o resultado esportivo de ultrapassar 200 medalhas. É a realização de um sonho. Foi um grande feito superar o resultado de Lima. Sabíamos da dificuldade que seria ultrapassar aquelas medalhas, mas conseguimos. Vibrei com a conquista de cada um dos atletas, me emocionei com muitas delas”, disse o diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil, Rogério Sampaio.
Dependência estatal
Do total de conquistas, 184 medalhas foram conquistadas ou tiveram a participação de pelo menos um integrante do Bolsa Atleta. Ou seja, 89,75% das medalhas do Brasil em Santiago tiveram a “digital” do programa de patrocínio individual a esportistas do Governo Federal.
Apesar de o governo petista propagandear a informação, na verdade ela revela um problema que é a completa dependência de verba estatal para atletas profissionais brasileiros. Perceba que no Pan, teoricamente, só vão atletas considerados profissionais, o que indicaria que esses esportivas já tivessem condições de se manter somente pelo esporte. Mas no caso brasileiro, não é o que acontece.
A delegação brasileira em Santiago foi a maior da história do país em competições internacionais, com 635 atletas. Mas 469 (73,8%) são beneficiários do Bolsa Atleta. O investimento previsto no edital de 2023 nesses atletas é de R$ 20,69 milhões.
Por mais que o valor seja baixo para o orçamento total do país, o problema está na falta de participação privada no esporte, e isso aconteça por diversos motivos. Mas resumindo o problema: o esportista dificilmente se profissionaliza no Brasil sem que o Estado lhe pague uma bolsa. Com um valor limitado disponibilizado (o país tem outras urgências), milhares de talentos são desperdiçados todos os anos no Brasil.
Os EUA, por exemplo, líder do Pan-2023 e de Olimpíadas, de campeonatos Mundiais ou qualquer competição que aconteça no planeta, a coisa é muito diferente.
Mesmo que o governo também participe do setor esportivo por lá, as empresas, as universidades e até financiamento por meio de doações favorecem esse protagonismo esportivo norte-americano. Definitivamente o país não é uma potência olímpica por meio do Estado.
Ginástica
A ginástica foi a modalidade que mais levou bolsistas a ganharem medalhas. Juntas, as modalidades artística, rítmica e de trampolim conseguiram 31 pódios para o Brasil. Dos 37 atletas que subiram ao pódio, 36 são bolsistas, 97,29%.
Mulheres
Além de ficarem à frente dos homens brasileiros pela primeira vez na história do Pan, três mulheres saíram de Santiago como as principais multimedalhistas da delegação, cada uma com cinco pódios. Bárbara Domingos (ginástica rítmica) somou três de ouro e duas de prata. Stephanie Balduccini (natação), saiu com um ouro três pratas e um bronze, e Flávia Saraiva (ginástica artística), conquistou quatro de prata e uma de bronze.
O Pan deu vagas olímpicas em 21 esportes, e o Brasil conseguiu se classificar para Paris 2024 em diversas modalidades: handebol feminino (14 atletas), boxe(9), hipismo (6 – com os brasileiros do adestramento precisando confirmar a vaga fazendo índice até junho de 2024), natação(2), pentatlo moderno (1), tênis (1), tiro com arco (1) e vela (4).
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