A operadora de telefonia Tim enviou a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a geolocalização de Filipe G. Martins, ex-assessor de ‘Assuntos Internacionais’ do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O relatório mostra que Martins esteve no Paraná e em Brasília no final de 2022, não nos EUA. Essa informação é crucial para Martins, que busca provar que não viajou a bordo de um avião do governo brasileiro nesse período, uma das razões que levaram à sua prisão decretada por Moraes.
O documento foi anexado na quarta-feira (10) ao inquérito que investiga Martins. Ele foi preso preventivamente pela Polícia Federal em 8 de fevereiro, durante a operação “Tempus Veritatis”, que apura a existência de uma suposta ‘organização criminosa’ que teria objetivo de manter Bolsonaro no poder por meio de um ‘golpe de Estado’ e ‘abolição do Estado Democrático de Direito’.
Segundo o pedido de prisão da PF encaminhado a Moraes, Martins teria viajado “sem realizar o procedimento de saída com o passaporte em território nacional” para “se furtar da aplicação da lei penal”. Desde sua prisão na casa da namorada, em Ponta Grossa, Paraná, Martins nega ter deixado o Brasil ou ter participado na elaboração de uma minuta golpista.
Desde então, Martins já forneceu a Moraes várias evidências para sustentar sua versão, incluindo faturas de cartão de crédito com despesas realizadas no Brasil através de aplicativos como Uber e iFood, além de seu passaporte e uma certidão do órgão americano responsável pela segurança nas fronteiras. No mês passado, ele apresentou novas certidões contestando um comprovante da PF obtido junto ao site do U.S. Customs and Border Protection (CBP), que indicava sua entrada em Orlando em 30 de dezembro de 2022.
“A Polícia Federal poderia ter requerido acesso à lista oficial e definitiva de passageiros do voo diretamente na Presidência da República, mas preferiu ficar com um rascunho de suposta lista, um documento extra-oficial encontrado apenas nos aparelhos eletrônicos do delator Mauro Cid, e não corroborado pelos órgãos pertinentes, pelos arquivos oficiais ou pelos canais próprios. Este documento era meramente rascunhado e editável, podendo ter sido alterado pelo próprio delator. Baseando-se nisso, a PF requereu a prisão do peticionante, que já dura quatro meses”, argumentou a defesa de Martins.
O advogado Sebastião Coelho, que representa Martins, relatou que o documento oficial emitido pelo órgão de proteção de fronteiras dos EUA atesta que Martins entrou no país pela última vez em setembro de 2022.
Na ocasião, ele estava acompanhando Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, com um visto G-2, destinado a representantes do governo em reuniões de organizações internacionais. Sebastião publicou nas redes sociais vídeo em que fala sobre a prisão de Filipe. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução O Globo; Fonte: O Globo)