Agostinianos: a ordem do novo Papa e sua marca na história da Igreja

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O Papa Leão XIV, nascido Robert Francis Prevost, é o primeiro pontífice da história da Igreja Católica proveniente da Ordem de Santo Agostinho.

Essa ordem religiosa, uma das mais antigas da Igreja, foi oficialmente constituída no século XIII, inspirada nos ensinamentos e na vida comunitária proposta por Santo Agostinho de Hipona, teólogo e filósofo do século IV. A espiritualidade agostiniana valoriza profundamente a vida em comunidade, a busca pela verdade, o estudo intelectual e o serviço pastoral.

A Ordem de Santo Agostinho (Ordo Sancti Augustini – OSA) foi formada por volta de 1244, a partir da unificação de diversos grupos de eremitas italianos que já seguiam a Regra de Santo Agostinho. Essa regra, uma das mais antigas da tradição monástica ocidental, propunha uma vida em comum centrada na partilha de bens, na oração comunitária e no amor fraterno, tudo sob o princípio da caridade.

Também conhecida como Ordem Agostiniana ou Frades Agostinianos, é uma ordem religiosa católica de frades mendicantes (mesmo rol que inclui dominicanos e franciscanos) que seguem a linha de pensamento de Santo Agostinho (354-430).

A ordem foi fundada em 1244, quando o Papa Inocêncio IV convocou comunidades espalhadas pela Europa para se reuniram. A ordem nasceu com a bula “Incumbit nobis” (Uma só alma e um só coração para Deus).

Até o surgimento da ordem, essas pequenas comunidades viveram, durante séculos, seguindo a regra e o espírito agostinianos, como eremitas.

Diferente da rigidez de outras regras monásticas, como a de São Bento, a regra agostiniana propõe flexibilidade e adaptabilidade conforme o tempo e o lugar, com ênfase na interioridade e no serviço à comunidade.

Santo Agostinho (354–430 d.C.), que dá nome à ordem, foi um dos maiores pensadores do cristianismo latino. Nascido na atual Argélia, ele teve uma juventude marcada por questionamentos filosóficos e experiências pessoais intensas, até sua conversão ao cristianismo aos 33 anos.

Tornou-se bispo de Hipona e escreveu obras fundamentais, como Confissões e A Cidade de Deus, que moldaram o pensamento teológico ocidental. Sua espiritualidade destaca a busca por Deus como um retorno ao interior do ser humano: “Não queiras sair de ti, entra em ti mesmo; no interior do homem habita a verdade”, escreveu Agostinho.

A Ordem de Santo Agostinho, hoje presente em mais de 40 países, mantém o ideal de vida comum, de trabalho pastoral em paróquias, educação, missões e diálogo com a cultura. Seus membros vivem em conventos e priorados, guiados pelo espírito comunitário e por uma liderança colegiada. Eles são especialmente ativos na formação de comunidades cristãs comprometidas com a justiça social, com a educação e com a evangelização em ambientes urbanos e populares.

Outras ordens religiosas
Ao longo da história da Igreja, vários papas pertenceram a ordens religiosas diferentes, cada uma com carismas e missões específicas. Entre as mais conhecidas estão:

Ordem dos Frades Menores (OFM) – Os franciscanos, fundados por São Francisco de Assis no século XIII, prezam pela pobreza evangélica, simplicidade e defesa dos pobres. O Papa Francisco (2013–2025) foi o primeiro a adotar o nome de São Francisco, embora não pertencesse oficialmente à ordem, mas tenha assumido seu espírito.

Companhia de Jesus (SJ) – Os jesuítas, fundados por Santo Inácio de Loyola no século XVI, priorizam a educação, o discernimento espiritual e a missão intelectual. Francisco, embora não franciscano, era jesuíta de formação, o primeiro papa da história a pertencer à ordem.

Ordem de São Bento (OSB) – Os beneditinos seguem a Regra de São Bento, escrita no século VI, marcada pelo lema “ora et labora” (reza e trabalha). A espiritualidade beneditina valoriza a vida monástica estável, a hospitalidade e o equilíbrio entre oração e trabalho. O Papa Gregório I (Gregório Magno), do século VI, foi um dos mais notáveis beneditinos a chegar ao papado.

Ordem Dominicana (OP) – Fundada por São Domingos de Gusmão no século XIII, os dominicanos são dedicados à pregação e à teologia, com grande ênfase na razão e na ortodoxia. O Papa Bento XI (séc. XIV) foi um dos dominicanos que assumiram a Cátedra de Pedro.

Comparadas entre si, as ordens beneditina e agostiniana compartilham o ideal de vida comunitária, mas os beneditinos são mais voltados à vida monástica contemplativa, enquanto os agostinianos se engajam mais diretamente com as demandas pastorais do mundo. Já os franciscanos priorizam a simplicidade radical, e os jesuítas destacam-se pela formação intelectual e ação missionária estratégica.

Presença agostiniana no Brasil
No Brasil, os agostinianos chegaram no século XIX e mantêm presença significativa, especialmente nas áreas da educação e pastoral urbana. A Província Agostiniana do Brasil atua em diversos estados com colégios, paróquias e projetos sociais. Algumas instituições de ensino agostinianas se destacam pelo alto padrão de qualidade, como o Colégio Santo Agostinho (com unidades em Belo Horizonte, Nova Lima e Contagem), bem como o Colégio Agostiniano São José em São Paulo.

Além disso, os agostinianos mantêm centros de formação e espiritualidade, além de se dedicarem à formação de novos religiosos. A atuação social é um dos pilares da ordem no país, com envolvimento em projetos voltados para populações vulneráveis, educação popular e promoção dos direitos humanos.

A eleição de Leão XIV, um agostiniano, ao papado pode representar um novo impulso para a valorização de uma Igreja mais sinodal, fraterna e centrada no diálogo. Sua trajetória — que inclui duas décadas de missão no Peru e intensa atuação formativa na ordem — o coloca como símbolo de uma espiritualidade voltada tanto para o interior do ser quanto para o serviço comunitário.

Ao assumir o lema episcopal In Illo uno unum (“No único, sejamos um”), Leão XIV sinaliza sua intenção de conduzir a Igreja com espírito de comunhão, inspirado diretamente na tradição agostiniana. (Foto: Vatican News; Fonte: com informações do Info Money)

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