O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou três inquéritos para investigar eventuais ‘irregularidades trabalhistas’ na empresa G4 Educação. Pelo menos 20 denúncias foram fundamentadas com base em declarações do CEO da empresa, Tallis Gomes, feitas no podcast Café com Ferri.
No podcast, Gomes afirmou não contratar “esquerdistas”, também mencionou ter levado a Igreja para dentro da empresa e exaltou a importância de longas horas de trabalho para o crescimento profissional. Durante a entrevista, ele afirmou que “se você não fizer 70 ou 80 horas por semana na empresa, você não vira nada na vida” e descreveu um ambiente onde os funcionários trabalham até a madrugada e voltam cedo no dia seguinte.
Gomes também destacou que não contrata “esquerdistas”, afirmando que são “mimizentos”, que não trabalham duro e que acreditam que o mundo lhes deve algo. Ele incentivou outros empresários a demitirem funcionários com ideologias de esquerda. Além disso, Gomes atribuiu o sucesso da empresa aos princípios religiosos que implementou na cultura corporativa do G4 Educação. Clique AQUI para ver.
“Isso é a base da nossa cultura. Esquerdista é ‘mimizento’, não trabalha duro e fica com essa coisa de que o mundo deve alguma coisa para ele. (…) Você, empresário, que me segue. Demita os esquerdistas da sua empresa”.
O primeiro inquérito foi aberto para investigar discriminação por orientação política, religiosa ou filosófica e abusos de poder diretivo do empregador, com base nessa fala sobre demissão de esquerdistas.
O segundo inquérito aborda a jornada de trabalho e o descanso semanal, por conta da defesa das jornas de até 80 horas. Por fim, o terceiro examina possíveis ‘desvios’ na contratação de pessoas jurídicas (PJ), mantendo, no entanto, a estrutura de vínculo trabalhista. Cada inquérito é conduzido por um procurador do Trabalho diferente.
De acordo com uma das denúncias apresentadas ao MPT, “Os trabalhadores da empresa G4 Educação trabalham de domingo a domingo, num regime de 80 horas semanais e são obrigados a participarem de grupos de oração dentro da empresa, pois os sócios são evangélicos. Além disso, no processo seletivo é enfatizado que não são contratados profissionais que sejam alinhados a ideologias de esquerda”, diz trecho.
E prossegue: “a empresa está descriminando (sic) pessoas ao afirmar que não contrata funcionários que se identificam com ideologias contrárias as próprias (sic), além disso, a empresa descumpre a CLT ao contratar pessoas via PJ, porém mantendo toda a estrutura de vínculo trabalhista”. (Foto: reprodução vídeo; Fonte: JOTA)