Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão preventiva de quatro pessoas (Bernardo Romão Correia Neto, Rafael Martins de Oliveira, Filipe Garcia Martins Pereira e Marcelo Costa Câmara) e a busca e apreensão de vários “suspeitos de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, entre eles o ex-presidente da República Jair Bolsonaro.
A medida de Moraes se deu com base em pedido da Polícia Federal (PF) e parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Segundo o Ministro, a investigação reúne “elementos” de diversos inquéritos em andamento no STF, entre eles o que apura a existência de uma “milícia digital” em “desfavor da democracia” e os que investigam a incitação e o financiamento aos de 8 de janeiro.
A decisão que autorizou a busca e apreensão e contra 33 pessoas se deu com base em conversas apreendidas no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro.
O ministro também determinou a proibição de contato de todos com os demais investigados e ordenou a entrega de passaportes, com a vedação de se ausentarem do país.
Na decisão, o Ministro tornou público o material (ou ao menos parte dele) do que foi capturado no celular de Cid. Veja abaixo. Todas as imagens, incluindo marcações e legendas, foram extraídas do inquérito divulgado.
Segundo as investigações, uma minuta foi entregue a Bolsonaro por Filipe Martins (preso na casa da namorada na operação desta quinta) e Amauri Feres (alvo de busca). Essa minuta decretava prisão de Moraes, Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco (presidente do Senado), além de convocação de novas eleições.
Bolsonaro pediu em uma reunião com Martins e Feres que os nomes de Pacheco e Gilmar fossem retirados do documento, mas não o de Moraes. O ex-presidente também quis que fosse mantido trecho que previa a realização de novas eleições.
A PF informa que a agenda e os voos de Alexandre de Moraes eram monitorados por assessores para que o ministro fosse acompanhado em tempo integral em caso dele ser preso.
Segundo o documento da PF, Mauro Cid afirmou em áudio que tinha hacker em busca de uma “bala de prata” que provasse uma fraude nas eleições para presidente de 2022.
A investigação aponta que, após a minuta nova pronta, comandantes das Forças Armadas foram convocados por Bolsonaro para a sequência do plano contra Moraes. Entretanto, a estratégia não teria ido adiante após o então chefe do Exército, Gen. Freire Gomes, não ter aderido. Bolsonaro, então, desistiu.
Em mensagem trocada com um militar, um mês e meio após as eleições de 2022, o general Braga Netto (vice na chapa de Bolsonaro em 22) reclama de o então comandante do Exército, general Freire Gomes, não ter aderido ao plano que previa prisão de Moraes, intervenção no TSE e novas eleições. Braga Netto chama Gomes de “cagão”.
“Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen. Freire Gomes. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, diz o texto encaminhado por Braga Netto.
Em resposta a Braga Netto, Ailton diz que devem continuar insistindo com Freire Gomes. E que, se o comandante continuasse resistindo, deveria ser “entregue aos leões”.
Nas imagens abaixo, todas retiradas do inquérito, o Ministro Alexandre de Moraes, segundo a Polícia Federal, é tratado pelo codinome ‘professora’. E clique AQUI para ler o inquérito na íntegra.