O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, negou nesta terça-feira (20) que o governo brasileiro tenha tido qualquer participação na saída de opositores do regime de Nicolás Maduro, que estavam refugiados na embaixada da Argentina em Caracas — atualmente sob responsabilidade do Brasil. A declaração foi dada durante audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
“Não participamos da fuga, do mecanismo, do complô para a fuga e não sabemos [como saíram]. Esperamos um dia receber essa informação”, afirmou o chanceler aos parlamentares, acrescentando que o próprio governo de Maduro tampouco parece saber como os opositores deixaram o prédio diplomático.
Os quatro asilados, que pertencem ao grupo da líder opositora María Corina Machado e eram alvo de ordens de prisão, estavam abrigados na sede diplomática havia mais de um ano.
A informação de que eles haviam deixado o local foi divulgada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, no dia 6 de maio. Na ocasião, Rubio comemorou a operação:
“Os Estados Unidos saúdam o resgate bem sucedido de todos os reféns do regime de Maduro na embaixada da Argentina em Caracas. Depois de uma operação precisa, todos os reféns agora estão em solo americano”.
Vieira confirmou que os opositores estão nos Estados Unidos, mas disse não ter sido informado sobre como a fuga foi organizada, tampouco sobre os meios utilizados para que eles saíssem da Venezuela. Segundo o chanceler, o Brasil foi avisado sobre a movimentação por María Corina Machado.
“Soubemos que os venezuelanos estavam saindo da embaixada da Argentina pela María Corina Machado que nos avisou, porque tinha contato constante conosco”, relatou o ministro. Ele acrescentou: “Ela nos avisou durante a noite que eles estavam saindo”.
Após a fuga, a própria opositora venezuelana voltou a entrar em contato com o Itamaraty para agradecer o governo brasileiro. “Ela nos agradeceu imensamente por todas as gestões, por todo o cuidado, por todo tempo investido”, disse Vieira.
O Brasil passou a representar os interesses diplomáticos da Argentina na Venezuela em agosto do ano passado, depois que Nicolás Maduro rompeu relações com o presidente Javier Milei e expulsou os diplomatas argentinos. Desde então, o Itamaraty assumiu a gestão da embaixada argentina em Caracas, incluindo a responsabilidade pela situação dos asilados.
Durante o período de refúgio, os opositores relataram diversas dificuldades, como cortes no fornecimento de energia, limitação no acesso a alimentos, água e medicamentos, além de presença constante de forças de segurança nos arredores da embaixada.
“Essa missão representou um esforço grande da embaixada do Brasil em Caracas que, diariamente, mandava um funcionário para ver como estava a situação. Nosso envolvimento foi total”, afirmou o ministro aos senadores.
Vieira destacou ainda que o Brasil tentou, sem sucesso, obter um salvo-conduto para permitir a saída segura dos asilados.
“Eu já tinha várias vezes pedido pelo salvo-conduto e tinha dito que se eles dessem, imediatamente nós mandaríamos um avião da FAB ou privado para tirá-los em segurança e nunca tivemos o consentimento”, explicou o chanceler. E mais: Anvisa proíbe venda de marcas de azeite após denúncia. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fonte: CNN)