Uma reportagem exclusiva do colunista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, revelou que militares de baixa patente do Exército brasileiro foram designados para segurar, com as próprias mãos, os obstáculos usados por oficiais durante apresentações de hipismo no Regimento de Andrade Neves, no Rio de Janeiro. A prática gerou revolta entre integrantes da tropa, que expressaram sua indignação em grupos fechados de WhatsApp.
De acordo com a reportagem, a função atribuída aos soldados foi alvo de críticas contundentes. Outros classificaram a cena como “um verdadeiro absurdo” e houve até quem duvidasse da veracidade do episódio: “Só pode ser mentira. Não é inteligência artificial?” Também foram levantadas dúvidas sobre o possível “desvio de função” por parte dos soldados envolvidos.
Como mostra a coluna, as imagens que provocaram as reações foram feitas durante as exibições realizadas em celebração ao aniversário da Cavalaria do Exército, comemorado no dia 10 de maio. Os eventos ocorrem tradicionalmente nessa época do ano, segundo apurou Cappelli.
Em resposta à coluna, membros da cúpula do Exército se manifestaram para justificar a prática. Segundo um militar de alta patente ouvido por Cappelli, “a Cavalaria do Exército comemora o aniversário no dia 10 de maio. No período, é comum que oficiais do regimento se apresentem em exibições. Os soldados que estão segurando as barras o fazem não por falta de estrutura. Afinal, temos no Exército vários suportes de obstáculos herdados das Olimpíadas de 2016.”
Ainda conforme a explicação, o uso dos soldados se deve à necessidade de adaptar rapidamente os obstáculos durante as apresentações: “Acontece que as fotos em questão são de apresentações nas quais os obstáculos mudam rapidamente, por meio do manuseio dos próprios soldados.”
O militar entrevistado pela coluna também destacou que os soldados recebem treinamento prévio e, segundo ele, costumam aceitar a tarefa com entusiasmo:
“Os soldados que fazem suporte para as barras costumam gostar da função, pois contribuem para uma data importante do Exército. Dias antes, eles recebem orientações prévias de como atuar. Não é uma função permanente, mas que costuma ocorrer apenas no período do aniversário da Cavalaria.”
Apesar da tentativa de justificar o ocorrido, o episódio gerou forte debate interno sobre o tratamento destinado aos militares de patentes mais baixas. A repercussão negativa da prática deve continuar sendo discutida nos bastidores das Forças Armadas, conforme sugere a coluna de Paulo Cappelli.