A oposição ao governo de Javier Milei obteve uma vitória significativa nessa terça-feira (8) ao aprovar na Câmara dos Deputados a criação de uma comissão parlamentar para investigar o caso envolvendo a criptomoeda $Libra. A iniciativa foi apoiada por 128 deputados, enquanto 93 votaram contra — entre eles governistas e aliados da União Cívica Radical e do Pro, partido do ex-presidente Mauricio Macri. Houve ainda sete abstenções.
A autorização da comissão representa um revés para Milei, que já havia conseguido barrar uma proposta semelhante no Senado. Desta vez, como a comissão será formada exclusivamente por deputados, não há necessidade de nova deliberação na outra Casa.
Durante a sessão, a oposição também conseguiu aprovar a convocação de quatro figuras centrais do governo para prestarem esclarecimentos no próximo dia 22: o chefe de Gabinete, Guillermo Francos; o ministro da Economia, Luis Caputo; o ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona; e o chefe da Comissão Nacional de Valores Mobiliários, Roberto Silva.
Mesmo após tentativas da Casa Rosada de esvaziar o quórum, os parlamentares oposicionistas — especialmente os peronistas do bloco União pela Pátria — garantiram o andamento da votação.
O estopim do escândalo foi uma publicação feita por Milei em fevereiro, nas redes sociais, em que ele promovia a criptomoeda $Libra. A postagem causou uma disparada na cotação do ativo, que chegou a quase US$ 5, mas logo despencou para menos de US$ 1.
No post, o presidente exaltava o projeto “Viva la Libertad” e descrevia a moeda digital como uma iniciativa privada voltada ao fomento da economia argentina e ao apoio a pequenos negócios. Após a repercussão negativa, Milei apagou a publicação original e afirmou que a divulgação havia sido um erro.
Em entrevistas, Milei alegou que apenas compartilhou a informação, sem promover diretamente o ativo. Ele também minimizou os danos, dizendo que os afetados seriam, no máximo, 5 mil investidores com “remotas chances” de serem argentinos, e que todos sabiam dos riscos envolvidos.
No meio da crise, surgiu uma conversa revelada entre um dos criadores da $Libra, Hayden Davis, e um empresário, mencionando supostos pagamentos à irmã do presidente, Karina Milei — que ocupa o cargo de secretária-geral da Presidência. A oposição tenta agora convocá-la também para prestar esclarecimentos.
Esse é mais um revés político para Milei. Na semana anterior, o Senado rejeitou dois nomes que ele havia indicado para a Suprema Corte. Um dos indicados, que chegou a assumir o cargo, renunciou após a derrota.
No dia da votação na Câmara, Milei estava nos Estados Unidos, onde recebeu um prêmio de entidades ligadas a Donald Trump, mas não conseguiu se encontrar com o ex-presidente norte-americano. E mais: Anatel decide sobre pedido da SpaceX para ampliar constelação da Starlink no Brasil. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução vídeo; Fonte: Folha de SP)