O tenente-coronel Mauro Cid viveu momentos de tensão durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), quando foi informado pelo juiz instrutor Airton Vieira que o ministro Alexandre de Moraes havia ordenado seu retorno à prisão.
A notícia, anunciada no fim do depoimento, fez o militar desfalecer logo após o término da gravação, divulgada nesta quinta-feira (20). Socorristas do STF o atenderam antes de ele ser encaminhado a um presídio militar em Brasília.
A decisão de Moraes, datada de 22 de março de 2024, veio no âmbito da PET 11.767 do Distrito Federal, e a prisão preventiva foi comunicada com urgência.
“Eu tenho, no entanto, que cientificar a todos que o senhor ministro relator Alexandre de Moraes, nos autos da PET 11.767 do Distrito Federal, decidiu e decretou a prisão preventiva do senhor Mauro Cesar Barbosa Cid”, declarou o juiz Airton Vieira, destacando que a medida deveria ser “imediatamente cumprida”.
O mal-estar de Cid foi visível: ele apoiou a cabeça nos braços, mexeu-se na cadeira e desabotoou a camisa, enquanto seguranças se aproximavam. Nos autos, caberia a ele contestar a ordem diretamente com Moraes.
Convocado ao STF após a revista Veja revelar áudios em que alegava pressão da Polícia Federal (PF) para delatar fatos que desconhecia, Cid negou qualquer coação em sua delação premiada. Ele classificou as gravações como um desabafo a um amigo em meio a um cenário de angústia pessoal.
“Esse troço psicológico ali, eu estou enclausurado, não indo a lugar nenhum, porque todo lugar que eu vou a imprensa vai atrás. Então você fica agoniado. Não estou trabalhando, não tenho para quem explodir. Engordei mais de 10 quilos, vou ter que voltar a correr. Então é isso, foi um grande desabafo”, explicou. Frustrado com o vazamento, ele lamentou: “Se eu desabafo com um amigo, no outro dia está na imprensa.”
Cid também direcionou suas queixas a Jair Bolsonaro e generais da reserva investigados na suposta trama golpista, expressando desalento com sua situação.
“Não vou dizer que me senti abandonado de alguma forma. Mas obviamente eu estava falando do presidente Bolsonaro, que ganhou Pix e aqueles negócios todos. Falo também dos generais, que todo mundo que está envolvido está na reserva, está na casa dos seus 60 anos, 70 anos, já teve sua vida toda, já atingiu todos os seus objetivos de vida e agora estão sendo investigados”, disse.
Aos 45 anos e de uma família com quatro gerações de militares, ele lamentou o colapso de sua carreira: “Estou vendo minha carreira desabar na minha frente. Amigos meus… Vou usar a expressão que gosto de usar: leproso. Não porque acham que eu fiz alguma coisa de errado, mas porque sabem que podem se prejudicar no Exército se ficarem se aproximando de mim.”. Assista abaixo! (Foto: reprodução vídeo; Fonte: UOL)
Veja o momento em que Mauro Cid começa a passar mal antes de desmaiar com ordem de prisão. O anúncio foi feito pelo desembargador Airton Vieira, juiz auxiliar de Alexandre de Moraes. Ao sair da sala, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro precisou ser socorrido, no dia 22 de março… pic.twitter.com/sOXJQ2MqfJ
— O Tempo (@otempo) February 20, 2025