Maduro corta sinal de emissora alemã na Venezuela após reportagem crítica

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O canal de TV da Deutsche Welle (DW) em espanhol teve seu sinal cortado na Venezuela após a exibição de uma reportagem crítica ao regime de Nicolás Maduro.

Na segunda-feira (04/03), Maduro chamou a DW – emissora multimídia internacional da Alemanha – de “uma emissora nazista”. O ministro venezuelano da Comunicação, Freddy Nanez, disse que a DW espalha “ódio contra a Venezuela” e difama o país. No mesmo dia, a DW teve seu sinal cortado na oferta de duas operadoras de cabo do país, de acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa da Venezuela.

O diretor-geral da DW, Peter Limbourg, disse nesta terça-feira (05/03) que a retirada da emissora alemã da oferta de TV a cabo na Venezuela é um ataque à liberdade de imprensa e pediu que o sinal seja restabelecido o quanto antes.

“Pedimos veementemente ao governo venezuelano que restabeleça a distribuição do canal de TV da DW Español o mais rapidamente possível. O cancelamento da distribuição da DW é um grave ataque à liberdade do povo venezuelano de se informar de forma independente”, disse Limbourg.

A decisão das autoridades venezuelanas foi tomada após a exibição de um vídeo do novo programa Cómo te afecta (Como isso te afeta), que aborda a corrupção em vários países da América Latina, incluindo a Venezuela, bem como as ligações entre políticos do regime chavista e o crime organizado. O vídeo descreve a Venezuela como o segundo país mais corrupto do mundo.

A reportagem cita a Anistia Internacional e a ‘Insight Crime’ como suas principais fontes. Num texto de rede social sobre um segmento do vídeo, afirma-se claramente que não se sabe até que ponto o próprio Nicolás Maduro está informado ou envolvido.

Após a exibição, Maduro acusou a DW de participar numa “campanha” contra a Venezuela, em conluio com outros meios de comunicação ocidentais, como a rede CNN e a agência de notícias Associated Press (AP), entre outros.

O diretor-geral Limbourg rejeitou firmemente as acusações feitas por Maduro contra a emissora. “Milhões de pessoas fugiram da Venezuela sob o regime de Maduro. Praticamente não há liberdade de imprensa. O fato de ele reagir com comparações absurdas a críticas baseadas em fatos é algo que combina com esse perfil. A difamação, a censura, os bloqueios da internet e a disseminação de informações falsas sobre a DW e suas reportagens é algo que estamos enfrentando num número cada vez maior de países. Continuaremos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para alcançar as pessoas que vivem sob regimes autoritários”, afirmou Limbourg.

Essa não é a primeira vez que a DW tem seu sinal cortado na Venezuela por ordem do regime chavista. Em 2019, a transmissão da emissora foi cortada por cerca de 24 horas. À época, nenhuma explicação sobre o corte foi dada pelas autoridades, que também não anunciaram oficialmente o restabelecimento da transmissão. Em 2018, a mesma situação ocorreu por cerca de uma hora, quando a DW exibia o documentário Venezuela – A fuga de um Estado falido, no qual o quadro ecônomico e político do país à época era analisado criticamente.

Outros canais também foram alvos do governo venezuelano. O serviço espanhol da CNN foi retirado do ar pelos operadores de cabo venezuelanos em 2017, depois de Maduro ter acusado o canal de fazer parte de uma “conspiração” contra o governo. Os canais colombianos Caracol e NTN24 foram retirados do ar na mesma época.

Na oferta de notícias da DW, o espanhol é o segundo idioma mais consumido, depois do inglês. O conteúdo em espanhol da DW alcança 46 milhões de usuários todas as semanas. E mais: A denúncia de Ciro Gomes sobre o governo Lula: “pior que Mensalão e Petrolão juntos”. Clique AQUI para ver.

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