Em meio a tensões diplomáticas, o governo de Nicolás Maduro chamou o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, para consultas em Caracas.
Em comunicado, o governo venezuelano também convocou Breno Hermann, encarregado de negócios brasileiro em Caracas, para expressar seu “desagrado” com as declarações do assessor Celso Amorim.
O governo de Maduro afirmou que Amorim, que aconselha o presidente Lula em assuntos internacionais, estaria agindo como “um mensageiro do imperialismo norte-americano” ao se manifestar sobre questões que a Venezuela considera estritamente internas.
Além disso, o governo venezuelano questiona a decisão brasileira de se opor à inclusão da Venezuela no Brics, o bloco econômico de países emergentes, durante a cúpula realizada em Kazan. Segundo o comunicado de Caracas, a postura do Brasil “contraria os princípios de unidade e integração regional, como os defendidos pela Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos)”, além de “ignorar a história compartilhada” entre os países da América Latina.
Na diplomacia, chamar o embaixador de volta para consultas e convocar um representante estrangeiro para discutir questões específicas são gestos claros de descontentamento. Em casos extremos, tais atitudes podem evoluir para a retirada definitiva do embaixador, ou até para a expulsão do corpo diplomático do país. Venezuela já utilizou esse recurso com outros países vizinhos, como Chile e Argentina, em casos de atritos intensos.
Segundo reportagem do jornal O Globo, durante a reunião de Hermann com autoridades venezuelanas, o governo Maduro entregou uma nota oficial, reiterando os pontos divulgados na mídia estatal, criticando a exclusão do país no Brics e demonstrando incômodo com a fala de Amorim.
Em entrevista recente, Amorim declarou que considerava a entrada da Venezuela no Brics “inoportuna” nas condições atuais e afirmou que, em relação à cooperação entre os países, “a confiança se quebrou”.
No Brasil, o governo Lula decidiu não reagir oficialmente às acusações feitas por Caracas, e até o momento, opta por não responder aos comentários pessoais e acusações de interferência feitas por funcionários venezuelanos ao presidente e ao Itamaraty. Entretanto, Maduro pediu que Lula se pronunciasse sobre a exclusão da Venezuela no bloco, mas até agora, o petista mantém a postura de silêncio.
Em declaração pública, Maduro afirmou que “o Itamaraty sempre conspirou contra a Venezuela, como um poder dentro do poder no Brasil”.
Em Brasília, fontes ligadas ao governo federal indicam que o governo Lula, cada vez mais insatisfeito com os movimentos de Maduro, estuda alternativas diplomáticas, mas ainda evita confrontos diretos. Segundo essas fontes, “não vamos entrar nessa, Maduro fala para o público interno”.
Caso a situação continue a se intensificar, o Brasil poderá revisar suas posturas e até deixar de reconhecer um novo mandato de Maduro, previsto para iniciar em janeiro de 2025. No entanto, o Brasil manteria uma relação diplomática com o país, sem reconhecer formalmente a presidência de Maduro, que foi alvo de acusações de fraude eleitoral. E mais: Governo Lula criará ‘Pé-de-Meia’ para licenciaturas. Clique AQUI para ver. (Foto: reprodução vídeo; Fonte: O Globo)