Lula (PT) será convidado pelo presidente Volodomyr Zelensky a visitar a Ucrânia durante o telefonema que ambos terão nas próximas semanas. A informação foi confirmada ao SBT News pelo diplomata Igor Zhovkva, atual vice-chefe de gabinete da presidência e um dos mais influentes conselheiros políticos de Zelenskyy.
“Ele deve ver com os próprios olhos os assassinatos em massa, o massacre que a Rússia promoveu. Pra muitos líderes, foi uma experiência transformadora”. A Ucrânia vê o Brasil como um parceiro essencial não apenas pela influência que tem na América Latina, mas também junto a governos que hoje estão mais na órbita da Rússia, como China e Índia.
Em entrevista ao jornalista Sergio Utsch, Igor Zhovkva disse que ‘entende’ a postura de Lula de não enviar armas à Ucrânia, mas espera que o Brasil auxilie seu país de alguma forma.
“Não é apenas sobre armas. Eu sei a posição do seu país, que não está disposto a enviar armas, mas há outros tipos de apoio. Poderia ser uma assistência financeira. Poderia ser com projetos econômicos depois que terminarmos a guerra. Eu estou falando sobre a recuperação e a reconstrução do meu país.
Questionado se Lula estaria sendo ‘ingênuo’ sobre a ‘proposta’ de ‘conversar’ com Zelensky e Putin para ‘acabar’ com a guerra, o assessor do líder ucraniano foi mais ‘cético’ (para dizer o mínimo): “Eu acho que ele deve conversar com outros líderes. E eu sei da prontidão dele em conversar com outros líderes globais. Eu sei que ele vai conversar com a China, com a Índia. Sei que ele conversou com Chanceler Scholz, com o presidente Biden. Eu acho que ele ouviu os argumentos e que vai transmitir esses argumentos para parceiros que também são muito imporante pra nós, como China e Índia. Então, novamente, apenas um cessar-fogo não vai trazer nada e definitivamente não vai parar a matança de pessoas”.
Ele também disse que Lula deveria citar os casos de ataques a civis na Ucrânia para cobrar Putin: “É terrível. Em menos de 3 minutos a partir do seu lançamento, esses mísseis balísticos atingem prédios, como o de Dnipro e de outras cidades. Então, o seu presidente deveria usar esses exemplos pra dizer pro outro lado (Rússia): “o que vocês estão fazendo? No meio da Europa, em pleno século XXI, você estão atacando civis na Ucrânia, mães, crianças, cidadãos da Ucrânia”.
O assessor de Zelensky, entretanto, disse que não tem conhecimento de alguma proposta que Lula tenha apresentado ao presidente ucraniano e pede que o petista ouça os 600 mil ucranianos que vivem hoje no Brasil. “Gostaria de te lembrar que há muitos ucranianos vivendo no seu país. O meu ponto é que o seu governo poderia ouví-los mais. Pelo que eu sei, eles são bastante ativos. Nós temos uma comunidade ucraniana no exterior muito ativa, não apenas no Brasil. Então, que façamos isso. Geograficamente, nós estamos longe. Mas não acho que estejamos longe politicamente e em nossas mentes e almas”.
No início do conflito, entre Rússia e o Ucrânia, em 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu vistos humanitários aos ucranianos que desejassem vir para o Brasil. “Vamos abrir a possibilidade de ucranianos virem para o Brasil através do visto humanitário, que é a maneira mais fácil de vir para cá […] Nós faremos todo possível para receber o povo ucraniano que porventura queira vir para cá”, disse em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan. Clique AQUI para ver a entrevista completa com o assessor de Volodomyr Zelensky.
