Durante uma entrevista à revista norte-americana The New Yorker, publicada nesta quinta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e teceu comentários sobre o papel da China no cenário global.
Ao falar sobre o republicano, Lula o associou a ideias que, segundo ele, remetem ao anarquismo. Para o petista, Trump “clamava por uma sociedade sem instituições”, o que o líder brasileiro comparou aos discursos de anarquistas no início do século passado. “Era quase o mesmo tipo de discurso que os anarquistas faziam na Itália e no Brasil no início do século, clamando por uma sociedade sem instituições, uma sociedade onde reina o império do capital”, declarou Lula.
O presidente brasileiro mencionou ainda declarações recentes de Trump no Congresso americano — embora sem citar o evento específico — e ironizou a recepção calorosa que ele recebeu dos parlamentares republicanos: “Aqueles republicanos [estavam] aplaudindo qualquer bobagem que ele dizia”, afirmou.
Na mesma entrevista, Lula comentou sobre a disputa entre Estados Unidos e China no campo econômico e tecnológico. Para ele, a tentativa de isolar os chineses é fruto do sucesso do país asiático em diversos setores. “Precisamos dizer: graças a Deus temos a China que, do ponto de vista tecnológico, é muito avançada e pode competir no mundo tecnológico da IA [Inteligência Artificial], dando-nos uma alternativa para este debate”, afirmou.
Lula afirmou que o incômodo das nações ocidentais tem relação direta com a competitividade chinesa no comércio global. Ele relembrou o cenário da globalização nas décadas de 1980 e 1990, citando líderes como Ronald Reagan e Margaret Thatcher, e destacou como a China dominou a produção de diversos bens.
“A China começou a produzir tudo o que era produzido nos Estados Unidos e na Europa. Não se podia comprar uma única calça, sapato ou camisa que não tivesse a inscrição ‘Made in China’. Eles copiaram tudo com muita habilidade e aprenderam a produzir tão bem quanto, ou até melhor. Agora que os chineses se tornaram competitivos, tornaram-se inimigos do mundo”, criticou.
Encerrando o tema, Lula rejeitou qualquer cenário de polarização entre os blocos e reforçou a necessidade de diálogo entre as potências: “Não aceitamos isso. Não aceitamos a ideia de uma segunda Guerra Fria. Aceitamos a ideia de que quanto mais semelhantes os países forem — tecnológica e militarmente — mais eles precisarão dialogar entre si, porque não tenho certeza se o planeta aguentará uma III G.M”. A entrevista está no site da revista americana. (Foto: reprodução vídeo; Fonte: Poder360; CNN)