Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira (30), a proposta do primeiro ‘Plano Brasileiro de Inteligência Artificial’. Entre os objetivos estão ‘equipar’ o Brasil com ‘infraestrutura tecnológica avançada’ e ‘desenvolver modelos avançados de linguagem em português’, com dados nacionais que’ abarcam nossas características culturais, sociais e linguísticas’.
Os custos chegam a R$ 23,03 bilhões até 2028. Na justificativa do projeto está ‘fortalecer a soberania’ e promover a ‘liderança global’ do Brasil em inteligência artificial (IA) por meio do desenvolvimento tecnológico nacional e também de ações estratégicas de colaboração internacional.
Para Lula, o documento elaborado é um marco para o país. “O Brasil precisa aprender a voar, o Brasil não pode ficar dependendo a vida inteira. Nós somos grandes, nós temos inteligência, o que nós precisamos é ter ousadia de fazer as coisas acontecerem”, disse, durante a abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em Brasília, evento retomado após 14 anos.
O petista também questionou: “se essa coisa é tão boa, por que ela é artificial?”. Na visão dele, “no fundo, é a inteligência humana que pode aperfeiçoá-la [a inteligência artificial], porque nada mais é do que a gente ter capacidade de fazer a coletânea de todos os dados, e nós temos as big techs [grandes empresas de tecnologia] que fazem isso sem pedir licença e sem pagar imposto e ainda cobra dinheiro e fica rica por conta de divulgar coisas que não deveriam ser divulgadas”. Veja abaixo!
Lula volta a criticar big techs e afirma que inteligência artificial precisa gerar emprego no Brasil
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— Jornal da Record (@jornaldarecord) July 30, 2024
Fonte de recursos
As fontes dos R$ 23,03 bilhões do ‘Plano Brasileiro de Inteligência Artificial’ são diversas. A principal (R$ 12,72 bilhões) vem de créditos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Há ainda recursos não-reembolsáveis do FNDCT (R$ 5,57 bilhões), do Orçamento da União (R$ 2,90 bilhões), do setor privado (R$ 1,06 bilhões), empresas estatais (R$ 430 milhões) e outros (R$ 360 milhões).
Para a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, o plano é robusto e é ‘viável’. Segundo ela, os ‘investimentos públicos’ do Brasil se equiparam aos da União Europeia (R$ 16 bilhões entre 2024 e 2027 para setores industriais e sociais).
“É claro que esses investimentos na União Europeia já vêm de antes, mas nós vamos chegar com força. Cada pessoa ou coisa conectada à internet produz dados, o Brasil tem muitos dados que são cobiçados pelas grandes big techs e nós vamos ter os nossos dados, que haverá de ter uma integração que não há hoje e com nuvem própria, soberana, brasileira, com linguagem brasileira. Soberania, autonomia para poder fazer valer a inteligência do nosso país”, disse.
O plano nacional sobre inteligência artificial foi encomendado pelo governo federal ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, em março. Na ocasião, o presidente Lula pediu aos conselheiros uma proposta com o objetivo de tornar o Brasil competitivo na área. Desde 2021, o país possui uma Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial, que já vinha sendo revisada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Supercomputador
No eixo da infraestrutura, o plano prevê a atualização do supercomputador Santos Dummont do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), para atender a demanda de pesquisas na área, tanto pelos centros de pesquisa como pela iniciativa privada.
Com isso, em cinco anos, a promessa é que ele esteja entre os cinco computadores com maior capacidade de processamento do mundo, da lista dos top 500. Os custos na tecnologia devem ser de 1,8 bilhão.
O LNCC foi fundado em 1980 como unidade de desenvolvimento tecnológico e como órgão governamental provedor de infraestrutura computacional de alto desempenho para a comunidade científica do país. O supercomputador Santos Dumont foi instalado em 2015 e, recentemente, já foi objeto de contrato para aumento de capacidade. O nome é inspirado no famoso inventor e aviador brasileiro. E mais: Lula se manifesta sobre eleição na Venezuela: “nada de anormal”. Clique AQUI para ver. (Foto: EBC; Fontes: EBC; O Globo)